Após a operação que prendeu nesta quarta-feira (25) o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e o banqueiro André Esteves, a Procuradoria Geral da República começa a analisar dados dos celulares deles, que foram apreendidos durante a busca e apreensão realizada pela Polícia Federal.
As informações contidas nos aparelhos devem ajudar os procuradores a avançar no vínculo entre o banqueiro e o grupo que planejava pagar mesada de R$ 50 mil para evitar a delação premiada do ex-diretor Nestor Cerveró. Segundo a PGR, a ação seria bancada pelo banco BTG Pactual, de Esteves.
Como os investigados encontram-se presos cautelarmente, os investigadores definiram como prioridade a análise do material apreendido, para finalizar a denúncia que será apresentada ao Supremo Tribunal Federal. A partir dessa análise, os procuradores devem definir se pedirão a conversão da prisão temporária (válida por cinco dias) do banqueiro em preventiva.
O mandado de busca e apreensão previa que, além de pegar os aparelhos, que os policiais federais obtivessem dos presos o desbloqueio dos telefones e as senhas de aplicativos de trocas de mensagem.
Delcídio deve ser acusado de crime de exploração de prestígio e de obstruir investigações de organização criminosa.
A previsão é que a denúncia seja protocolada no Supremo na próxima segunda-feira (30), considerando um prazo de cinco dias após a prisão.
Os procuradores ainda analisam se poderão tentar a prorrogação do prazo ou se farão a denúncia mesmo na segunda. Isso porque a situação de um réu preso em medida cautelar no STF é considerada “inédita” para a PGR e, por isso, não há clareza sobre os prazos processuais.
Delcídio foi gravado em uma reunião no último dia 4 com o filho de Cerveró, Bernardo, e o advogado, Edson Ribeiro, combinando ficar de fora da delação do ex-diretor e ainda discutindo um plano de fuga dele no país. A gravação embasou um pedido de prisão da PGR.
Também foi preso o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. Edson Ribeiro teve ordem de prisão expedida, mas se encontra no exterior.
A defesa de Delcídio disse, em nota na quarta, que sua prisão desrespeita a Constituição e questionou a credibilidade do delator. A defesa de Esteves afirma que ele só foi citado pelos participantes da reunião, mas que não tinha envolvimento com o esquema.