Governador chama manifestantes de "baderneiros"
Às 17 horas desta quinta-feira (12), o governo do Paraná publicou em seu site uma nota em que o governador Beto Richa "condena" as invasões da Assembleia Legislativa.
"O que aconteceu foi uma manifestação absurda e violenta, que atenta contra a democracia, a liberdade de expressão e o estado de direito", afirmou o governador via assessoria.
Richa chamou os servidores de "baderneiros" que impuseram, segundo ele, uma "mordaça" no Poder Legislativo.
O secretário da Casa Civil, Eduardo Sciarra, também chamou os manifestantes da "baderneiros". "Não podemos aceitar esta afronta ao Estado de Direito. Foi um grupo de baderneiros infiltrados que promoveu esta ação violenta [a invasão]".
O governo do Paraná comunicou na tarde desta quinta-feira (12) que vai retirar o projeto com medidas de austeridade, apelidado de "pacotaço". Os deputados realizavam uma sessão sem a presença de público, no restaurante da Assembleia Legislativa do Paraná, quando manifestantes entraram em confronto com a Polícia Militar. O plenário da Casa está ocupado desde terça-feira (10).
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Depois de muito mistério sobre o local onde seria realizada a sessão, os deputados chegaram à Assembleia em um ônibus da Tropa de Choque. Cercados por um cordão policial, eles foram escoltados ao interior do prédio.
A entrada dos parlamentares motivou a ira dos manifestantes, que entraram em confronto com os policiais militares. A polícia usou balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral. Mesmo assim, a multidão conseguiu avançar e entrou no local onde os deputados se reuniam. Há relatos de feridos no local.
Com o avanço dos manifestantes, a sessão foi interrompida. A intenção era analisar a aprovação do regime de comissão geral, que acelera o processo legislativo, para votar os dois projetos de lei propostos pelo governo Beto Richa (PSDB) ainda nesta quinta-feira. Os projetos incluem medidas de austeridade e a autorização de uso de R$ 8 bilhões da poupança do ParanáPrevidência pelo Executivo estadual.
Originalmente, as iniciativas previam a retirada de benefícios do funcionalismo público, o que desencadeou uma série de greves pelo estado. Professores estaduais e universitários, além de servidores da saúde, paralisaram suas atividades. Os agentes penitenciários também anunciaram que entrariam em greve caso o projeto fosse aprovado.
Após a retirada do projeto, os professores decidiram desocupar o plenário da Assembleia Legislativa. O grupo que se recusava a sair aparentemente teria aceitado acampar em frente ao Palácio Iguaçu.
Retirada
Por volta das 16h, o governo do estado informou que vai retirar o projeto.
"O Secretário-Chefe da Casa Civil vem por meio desta solicitar a retirada dos projetos PLC 06/2015 e PLO 60/2015 para reexame, e em virtude das manifestações ocorridas, também para garantir a integridade física e segurança das senhoras e senhores parlamentares", diz o comunicado assinado pelo Diretor-Geral da Casa Civil, Alexandre Teixeira.
Os manifestantes, no entanto, permanecem no local. Eles exigem que os deputados assinem a retirada do projeto.
Feridos
A Secretaria de Segurança Pública informou que 11 pessoas ficaram feridas após o confronto entre manifestantes e policiais na Assembleia Legislativa. Segundo a Secretaria, seis manifestantes e cinco policiais ficaram feridos. Os servidores foram alvo de balas de borracha e gás lacrimogênio.
O secretário de Segurança, Fernando Francischini, disse que quatro policiais militares e quatro manifestantes ficaram feridos. Dos manifestantes, três foram feridos com balas de borracha e um desmaiou por causa do gás. Não foi informado como os policiais se machucaram.
Servidores deixam a Assembleia
Os servidores começaram a deixar a Assembleia por volta das 18h30. Muitos permanecem acampados no Centro Cívico, já que a greve dos servidores continua.
A Assembleia ficará fechada entre esta sexta-feira (13) e quarta-feira (19), quando será reaberta às 13h30. A direção da Casa fará um levantamento de possíveis estragos provocados pela ocupação dos manifestantes.
"Fizemos todo o esforço possível para evitar o confronto com manifestantes e cumprir o que prevê o Regimento Interno, que é a continuidade da tramitação e votação dos projetos", afirmou o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB). "Evitamos usar força policial para retirar os manifestantes do plenário, mesmo com autorização judicial. Infelizmente, tivemos mais uma invasão hoje e decidimos encerrar a sessão para evitar conflitos com manifestantes e garantir a segurança dos parlamentares".
As votações no plenário serão retomadas no dia 23 de fevereiro.