Os vereadores de Santo Antônio da Platina, maior cidade do Norte Pioneiro, vão passar a receber R$ 970 a partir de 2017. O valor foi fixado na quarta-feira (15) depois que a população da cidade de pouco mais de 45 mil habitantes lotou o auditório da Câmara de Vereadores para protestar contra a tentativa dos parlamentares de aumentar os subsídios em média 114%. Usando nariz de palhaço, apito e peruca colorida, os manifestantes intimidaram os vereadores. Na mesma sessão, o plenário também fixou em R$ 970 o salário do vice-prefeito, e em R$ 12 mil os vencimentos do próximo prefeito da cidade.
A pressão da população fez ainda com que os vereadores retirarem da pauta de votação para a próxima semana o projeto que aumentava o número de cadeiras no legislativo de 9 para 13 vereadores. O plenário já havia aprovado o projeto em 1.º turno e os vereadores só aguardavam o prazo regimental de 10 dias para colocá-lo em votação no 2.º turno.
Hoje os vereadores de Santo Antônio da Platina recebem R$ 3,4 mil a cada mês. Se a proposta original fosse confirmada, já que os parlamentares já tinham aprovado o projeto em primeira votação na segunda-feira( 13) os vencimentos saltariam para R$ 7,5 mil, um reajuste de 109%. Já o salário de vice-prefeito teria o maior percentual saltando de R$ 4,5 mil para R$ 11 mil, 240% de aumento. Já o salário do prefeito passaria dos atuais R$ 14 mil para R$ 22 mil.
Com a Câmara tomada e até com gente sentada nos corredores, oito dos nove vereadores apresentaram uma emenda ao projeto original fixando os valores próximo do que se prevê para o salário mínimo em 2017. A emenda foi aprovada, assim como o projeto final.
Levando-se em conta o aumento do número de cadeiras e dos subsídios no legislativo platinense, o gasto anual apenas com salários dos vereadores saltaria de R$ 400 mil para R$ 1,3 milhão. Hoje o orçamento da Câmara de Santo Antônio da Platina é de R$ 2,7 milhões e a previsão para o ano que vem é de perto de R$ 3 milhões.
O presidente da Câmara de Vereadores, Valdir Domingos de Souza (PSB) reconheceu que foi um erro ter proposto o aumento. “Não era o momento. Eu já esperava uma reação tão negativa”, disse o vereador. Para Souza, o assunto é muito delicado e mesmo que fosse discutido em outro momento ele geraria a mesma polêmica. “Quando se fala em aumento de salário para qualquer político com mandato a sociedade protesta. Colocando {o projeto em plenário para ser votado} hoje ou daqui um ano seria a mesma coisa”, prevê.
Apesar disso, para o presidente, fixar salários em R$ 970 não foi um atitude demagógica, e sim corajosa. “A partir de agora, ser vereador em Santo Antônio da Platina será uma prova de amor pela cidade”, avalia.
O prefeito da cidade, Pedro Claro de Oliveira Neto (DEM), disse que nem sabia que os vereadores estavam votando o projeto. O democrata voltava de férias quando foi surpreendido pela polêmica. “Sequer ouviram minha opinião”.
Oliveira Neto garantiu ainda que se o projeto não fosse rejeitado no plenário ele vetaria a proposta quando chegasse às suas mãos. “Não faço política por dinheiro. Administro a cidade por amor à minha terra”, disse.
O projeto ainda precisa ser aprovado em segundo turno.
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