Declarações de Lupi não foram de ameaça, diz PDT
O PDT divulgou nota, nesta quarta-feira, afirmando que as declarações do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, feitas na terça-feira durante conversa com jornalistas, não foram de ameaça à presidente Dilma Rousseff ou a quem quer que seja, mas sim um desafio aos acusadores.
"Importante esclarecer também que em nenhum momento as declarações do Ministro Carlos Lupi, durante coletiva ontem na sede nacional do PDT, foram de ameaça a quem quer que seja, muito menos à Presidente Dilma Rousseff, mas sim um desafio aos acusadores que se escondem por trás do anonimato", diz a nota.
- Lupi dará esclarecimentos nesta quinta na Câmara
- PDT afirma em nota que Lupi tem apoio e confiança absoluta do partido
- PDT diz que abandona governo se Lupi cair sem provas
- Dilma desaprova declarações de Lupi e espera retratação
- Lupi diz que só deixa o cargo se for "abatido a bala"
- Procuradoria diz que ainda não apareceram indícios contra Lupi
O ministro Carlos Lupi, do Trabalho, foi chamado na manhã desta quarta-feira ao Planalto pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. A pedido da presidente Dilma Rousseff, a ministra disse a Lupi que ele se excedeu nas declarações, que passou dos limites e que deveria se retratar. O ministro admitiu, há pouco, ao GLOBO que errou, que é humano. O ministro pode soltar ainda nesta quarta uma nota com a retratação.
Na terça-feira, após reunião com o PDT, Lupi disse que só sai do governo se for "abatido à bala" e que "duvida" que Dilma o tire do cargo, e que isso não aconteceria nem mesmo na reforma ministerial de janeiro.
Ao GLOBO, o ministro admitiu há pouco que se empolgou e que diante das "pancadas" que tem levado exagerou no tom, mas que em nenhum momento quis enfrentar a presidente Dilma. "Me empolguei. Sou humano - disse o ministro, acrescentando que "podem vasculhar que não vão encontrar nada me envolvendo". Lupi admite erro sobre frase e diz que "se empolgou".
Mais cedo, ele já havia amenizado o tom e dito que não tinha desafiado a presidente Dilma Rousseff com as declarações concedidas durante entrevista coletiva."Estou desafiando a onda de denuncismo que o Brasil virou. Eu estou desafiando a gente macular a honra das pessoas sem direito de defesa. Estou desafiando aqueles que mentem. Estou desafiando aqueles que usam da mentira um instrumento para acabar com a reputação das pessoas", declarou o ministro, na abertura do encontro sobre estratégia de inclusão produtiva urbana do Programa Brasil sem Miséria.
Lupi também disse que o assunto está superado e que todos os esclarecimentos já foram prestados ao seu partido, o PDT, e à imprensa. Apesar disso, vai à Câmara na quinta-feira, às 9h30, para dar explicações na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
Mesmo havendo requerimentos na pauta para convocação do ministro, a vinda sequer foi aprovada. Integrantes do PDT avisaram que Lupi estaria disposto a dar explicações. A negociação foi feita pelo deputado João Dado (PDT-SP), que acertou por telefone o depoimento.
"A gente já deu as respostas que tinha que dar, apresentou os documentos, o procurador-geral da República já se pronunciou. Agora, estou aqui para trabalhar", explicou Lupi, ao chegar ao evento em Brasília, antes de ser divulgada a convocação.
Perguntado se poderia ser a bola da vez, diante da sucessão de demissões de ministros nos últimos meses, Lupi respondeu: "Só se for a bola sete, que é a bola que dá a vitória."
Lupi reafirmou que a equipe que trabalha com ele não cobra propina em nome do partido, mas lembrou que o ministério conta com cerca de 10 mil funcionários."Não posso impedir que alguém do vigésimo escalão, na ponta, tenha feito alguma coisa errada. Se tiver feito, cadeia para o corrupto e para o corruptor.O ministro voltou a classificar a denúncia como vazia e irresponsável e pediu que sejam apresentadas provas relacionadas a supostos pagamentos de propina que envolvam o seu nome. "É um instrumento dos covardes, que se escondem atrás do anonimato. Gostaria de desafiá-los a apresentar".
Sobre o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontou a existência de contratos sem fiscalização no ministério, Lupi argumentou que 186 deles, na realidade, não foram disponibilizados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi)."O Brasil está dando certo. Muita gente não se conforma com isso e quer inventar muita coisa. Mas estamos com a consciência tranquila."
O presidente do PDT, deputado André Figueiredo (CE), também recuou em relação à decisão anunciada terça após reunião com a bancada. Segundo o dirigente pedetista, o líder do partido na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), foi mal interpretado quando disse que o partido sairia do governo se Lupi fosse demitido. Figueiredo também disse que, se Lupi cair, nessa crise, e não na reforma ministerial, o PDT sai do governo, mas não sai da base.
Ex-parlamentares do PDT pedem à CGU agilidade nas investigações sobre convênios
Um grupo de ex-parlamentares históricos do PDT se reuniu com o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, para lhe entregar uma petição pedindo agilidade na conclusão das investigações sobre desvios em convênios da gestão Carlos Lupi. Eles se dizem integrantes do Movimento de Resistência Leonel Brizola e afirmam querer diferenciar o PDT das ações do ministro e das acusações contra sua gestão na pasta. Segundo eles, o partido tem história e tradição e, por isso, é preciso separar o que é responsabilidade do ministério e o que é do partido.
O ex-deputado Vivaldo Barbosa é um dos que assinam a petição. Segundo ele, os ideais do PDT e de Brizola estão sendo usurpados no Ministério do Trabalho.
"O ministro Lupi não tem agido de acordo com os princípios partidários. O ministério não tem reproduzido os ideais trabalhistas", declarou.
Um dos trechos da petição diz: "Compreenda, Vossa Excelência, que o bom nome que o PDT conquistou ao longo de sua existência está sendo enxovalhado. Urge conhecimento real dos fatos para se separar o partido das ações apontadas como irregulares no Ministério do Trabalho".
Um dos integrantes da ala que faz oposição a Lupi no PDT diz que está havendo uma reação em massa da base. Segundo ele, esse é um dos movimentos que ganham força para se contrapor ao apoio dado a Lupi pela cúpula do partido.
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