A reunião desta quarta-feira (26) entre o governo e representantes de centrais sindicais sobre o aumento do salário mínimo terminou sem acordo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, encarregado de negociar com os trabalhadores, reafirmou a proposta de reajuste para R$ 545, contrariando os sindicalistas, que reivindicam um mínimo de R$ 580 em 2011. No entanto, ele admitiu a possibilidade de reajustar a tabela do imposto de renda em 4,5%, centro da meta inflacionária.
"A tendência é manter o acordo. Não posso dizer que não vai haver mudança, mas o governo reafirma a posição de manter os R$ 545", afirmou. De acordo com Carvalho, o governo não vai cometer "irresponsabilidades fiscais".
"Qualquer número diferente do acordo abre uma discussão infindável e você pode entrar em uma feira do imponderável. Uma concepção desse acordo foi uma vitória importante da classe trabalhadora. Espero que as centrais levem em contra toda essa questão do período e não só o imediatismo desse ano", disse.
O ministro se mostrou mais flexível quanto ao reajuste da tabela de imposto de renda. As centrais sindicais reivindicam correção de 6,47%. No entanto, o ministro destacou que a tabela do IR deve ser reajustada em 4,5%. "Vamos discutir a questão, mas a tendência é mantermos a meta inflacionária", disse.
Uma nova reunião com as centrais sindicais foi marcada para o dia 2 de fevereiro.
Carvalho afirmou ainda que o governo se comprometeu a enviar uma medida provisória ao Congresso Nacional consolidando em lei a política de reajuste do salário mínimo instituída no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem como base o crescimento do Produto Interno Bruto e a inflação.
"Nos propusemos a enviar uma medida provisória para o Congresso. Uma vez que o PL [projeto de lei] que consagrava esse acordo não foi ainda votado no Congresso, nos comprometemos a enviar uma MP que garante o acordo até 2015, quando termina o mandato da presidente Dilma", afirmou.
Gilberto Carvalho, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, receberam por mais de duas horas lideranças das seis centrais sindicais - Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).
Segundo o ministro, é melhor para o trabalhador abrir mão de um reajuste maior e aceitar que o acordo seja mantido. "O governo quer honrar esse acordo para não haver dúvida nos próximos anos. É melhor não conceder pequena modificação agora, sob pena de quebrar o acordo, e sim manter um processo continuado", explicou.
Carvalho destacou que no próximo ano o reajuste do mínimo poderá alcançar 13%. "Propomos reajuste para R$ 545 entendendo que, de acordo com o próprio acordo assinado com as centrais, se trata de um período em que o PIB de 2009 teve uma queda, mas sabemos de uma previsão de que com o PIB de 2010 teremos um importante aumento que pode chegar a 12% ou 13%", disse.
Perfil de Dilma
O ministro afirmou que a presidente Dilma não mudará de postura em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no que se refere ao contato com movimentos sociais.
"Não haverá mudança da presidente Dilma em relação a Lula do ponto de vista da sensibilidade social", disse. Segundo ele, a presidente vai agendar uma reunião com as centrais sindicais, mas não, "necessariamente", para debater salário mínimo.
Sindicalistas
Os líderes sindicais que compareceram à reunião não se mostraram otimistas quanto à possibilidade de entrar em acordo com o governo no tocante ao salário mínimo e chegaram a dizer que as negociações podem ocorrer no Congresso Nacional, depois da edição da medida provisória que irá estabelecer o reajuste.
"Não tendo acordo, vamos negociar no Congresso. O governo está muito duro com o mínimo. Está mais propenso a atender a questão da tabela do imposto de renda do que o [reajuste maior] do salário mínimo", disse o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Já o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, afirmou esperar que o governo apresente uma nova proposta de correção do mínimo na reunião marcada para o dia 2 de fevereiro. "Como o governo marcou uma nova reunião, as negociações continuam, então espero que apresente uma nova proposta, porque nós queremos mínimo de R$ 580", afirmou.
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