Atual governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB-MA) começou sua primeira campanha ao governo do estado sendo traído pelo PT Nacional.
Candidato em 2010, ele conquistou o apoio – e os preciosos minutos – do partido em nível estadual. Entretanto, essa decisão prejudicava a delicada aliança construída entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador José Sarney (PMDB-AP).
Assim, em uma canetada, a direção nacional do partido determinou aliança com a filha do senador, Roseana – que, meses depois, venceu a eleição.
Mas a política dá voltas. Seis anos depois disso, Dino virou um aliado crucial para o PT. Nesta segunda-feira (9), ele foi uma influência decisiva para que Waldir Maranhão (PP-MA) anulasse as votações nas quais a Câmara aprovou o prosseguimento do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Antes de tomar essa decisão, Maranhão passou o fim de semana em seu estado natal, e aproveitou a ocasião para uma reunião com o governador. Ainda no domingo (8), os dois teriam ido juntos para Brasília, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Lá, teriam escrito, a quatro mãos, decisão que anulou três sessões da Câmara. Dino também teria intermediado conversas entre Maranhão e o Advogado-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo.
Dino confirmou que recebeu o presidente da Câmara e discutiu o assunto com ele. “Natural que Waldir Maranhão, sendo do meu estado, peça minha opinião sobre temas relevantes”, disse, no Twitter. Ele negou, entretanto, ter escrito o texto da decisão – apesar de ter dito que os argumentos do texto são “centenas de vezes mais consistentes” que os do pedido de impeachment.
Além disso, o governador lidera a chamada “rede da legalidade”, um grupo de governadores contrários ao impeachment. Além dessa suposta participação em um momento crucial, Dino chegou, por exemplo, a pressionar os deputados federais maranhenses para votar a favor do impeachment.
Juiz, deputado, governador
Antes de se tornar governador do Maranhão, Dino fez carreira na magistratura. Aprovado em concurso em 1994, ele chegou a presidir a Associação Nacional de Juízes Federais (Ajufe) e foi secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entretanto, ele abandonou a carreira de juiz em 2006 para poder entrar no mundo da política. Ele filiou-se ao PCdoB e se elegeu deputado federal com mais de 120 mil votos.
A partir daí, Dino buscou consolidar uma imagem de anti-Sarney no Maranhão. Primeiro, se candidatou à prefeitura de São Luiz, e perdeu para João Castelo (PSDB). Dois anos depois, foi a vez de tentar o governo do estado. Dessa vez, não teve sorte. Roseana Sarney (PMDB-MA) foi eleita no primeiro turno por apenas 0,08%– Dino ficou em segundo lugar. Apesar de “traído” pelo PT, acabou compensado com o cargo de presidente da Embratur, que exerceu entre 2011 e 2014.
Sua consagração política veio quatro anos depois. Com uma chapa que aliava PCdoB, PSB, PSDB entre outros (o PT, de novo, ficou do lado da família Sarney, se aliando a Edison Lobão), conseguiu vencer com 63% dos votos, no primeiro turno. Apesar da relação com Sarney, Dino tem boa relação com o governo federal desde o início de seu mandato – quando PT e PMDB ainda eram aliados.
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