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Sem acordo

Valério recusa delação premiada em inquérito contra Lula, diz jornal

Da Redação

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ser o operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério de Souza recusou a oferta de delação premiada no inquérito que investiga a suspeita de envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro Antonio Palocci com o esquema de compra de apoio parlamentar. As informações são do jornal Folha de São Paulo de ontem. De acordo com a publicação, o publicitário afirmou que só aceitaria o acordo caso fosse beneficiado nos outros inquéritos criminais a que responde.

Em depoimento em setembro do ano passado, Valério declarou ao Ministério Público que Lula e Palocci negociaram com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, repasse de US$ 7 milhões ao PT. Na época, porém, não disse quando teria ocorrida a suposta reunião em que Lula, Palocci e Horta teriam tratado do repasse ao partido. Essa é a primeira vez que se investiga a possível participação do ex-presidente no esquema do mensalão.

A recusa de Valério em aceitar o acordo teria ocorrido em abril deste ano, em depoimento à Polícia Federal em Minas Gerais. Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo, o publicitário permaneceu calado durante a maior parte do tempo. Bem diferente da sua postura de setembro, quando demonstrou disposição em aceitar a delação premiada.

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Por 59 votos favoráveis e seis contrários, o Senado aprovou ontem a indicação do advogado Luís Roberto Barroso para o Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, Barroso pode assumir a cadeira do ex-ministro Carlos Ayres Britto, que deixou a Corte em novembro do ano passado. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atrasou o início das votações no plenário da Casa para assegurar que os senadores votassem a indicação do advogado menos de uma hora depois de a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprová-la.

Na CCJ, Barroso passou por uma sabatina de quase sete horas – e conquistou 26 votos a favor a um contra. Não se cumpriu a expectativa de protestos de grupos evangélicos em frente ao Congresso Nacional contra a indicação feita pela presidente Dilma Rousseff. Os religiosos defendiam a rejeição ao nome de Barroso por causa da atuação do advogado na defesa no próprio Supremo de ações que permitiram a união civil homoafetiva e o aborto de fetos anencéfalos.

Um dos temas mais abordados foi a questão do julgamento do mensalão, que está em fase de análise de recursos no STF. Durante o debate, Barroso não quis se comprometer com questões do processo, mas avisou que gostaria de participar da análise dos recursos da ação.

Ele afirmou ainda que esse foi um dos casos em que os ministros foram mais "duros" na história da Corte. "Analisando outros casos, o Supremo manteve sua posição mais libertária em matéria penal. No caso do mensalão, os juízes foram mais duros por muitas circunstâncias que não quero e nem estou em condições de avaliar", afirmou.

Durante a sabatina, Barroso disse que o julgamento foi um "ponto fora da curva" e que não vai agir por pressão "nem do governo, nem da opinião pública, nem de acusados, nem da imprensa" ao analisar o caso. O agora ministro, porém, não se manifestou diretamente sobre algumas das principais polêmicas do processo, como os chamados embargos infringentes. Esse tipo de recurso poderá permitir um novo julgamento de pontos do processo cujo réu tenha recebido pelo menos quatro votos favoráveis, podendo até levar a absolvições. "Ainda não sei [responder a questões do julgamento] porque não estudei", disse.

Ainda na CCJ, Barroso disse que espera "servir ao Brasil" e fazer o "melhor possível" como novo ministro do STF. "A minha vida foi boa em todos os sentidos. Estar no Supremo é uma perspectiva do que recebi", afirmou.

Encontro

Barroso revelou que se encontrou com a presidente Dilma Rousseff antes da sua indicação para o Supremo para discutirem questões "republicanas". No encontro, Barroso disse que foi "sabatinado" pela presidente, que o questionou sobre diversos assuntos, mas negou que tenha se comprometido com Dilma a defender questões de interesse do governo. Na conversa com a presidente, o advogado disse que tratou de questões como separação de poderes, conflitos federativos e royalties.

"Eu não sei como cheguei aqui. Não tinha articulação política. Fiquei muito honrado, surpreso", afirmou. Além de Dilma, Barroso disse que foi sondado pelo ex-deputado Sigmaringa Seixas, pelo ex-secretário da Casa Civil Beto Vasconcelos e pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

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