A investigação sobre o suposto esquema de corrupção na Delegacia da Receita Estadual de Londrina foi ampliada. Agora há um sétimo investigado, cujo nome não foi revelado pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público. Além disso, não há qualquer acordo de delação premiada formalizado, mas o Ministério Público (MP) está recebendo informações tanto de empresários quanto de contadores que teriam sido abordados pelos auditores investigados.
O promotor Renato Lima Castro afirmou que já existem propostas de colaboração com as investigações, mas nada foi homologado até o momento.
Oposição quer instalar CPI na Assembleia para apurar o escândalo
- Euclides Lucas Garcia
A bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná começou, nesta terça-feira (10), a coletar assinaturas para instalar uma CPI que investigue o suposto esquema de corrupção envolvendo auditores da Delegacia da Receita Estadual em Londrina.
A tarefa, porém, não será fácil. Por ora, o grupo tem apenas sete das 18 assinaturas necessárias para tirar a comissão do papel – os seis oposicionistas mais Tercílio Turini (PPS).
Vice-líder da oposição, o deputado Requião Filho (PMDB) afirmou que é dever da Assembleia apurar o caso, sobretudo diante das informações de que os suspeitos de atuarem no escândalo teriam uma espécie de “lastro político”, o que impedia o desmonte do esquema ou a remoção deles para outras delegacias da Receita. O ex-secretário da Fazenda Luiz Carlos Hauly, por exemplo, disse que a equipe técnica que montou à frente da pasta, entre 2011 e 2013, “teve que conviver com a política”. “Quem é o padrinho político que tornava esse grupo imexível? Qual o tamanho do rombo que esse esquema causou nos cofres públicos até agora?”, questionou o peemedebista.
Outra visão
Em resposta, o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), defendeu que o Legislativo não pode transformar num factoide uma investigação que vem sendo bem conduzida pelo Ministério Público há meses.
Segundo ele, o governo está analisando o caso com “olhos críticos” e já tomou as medidas administrativas necessárias para garantir mais controle e fiscalização na Receita Estadual.
“Quem for culpado será punido. A cadeia é o caminho para aqueles auditores que se desviaram do caminho”, afirmou Romanelli.
Além dessas informações repassadas por empresários e contadores, os promotores avaliam os documentos e os materiais apreendidos na semana passada em Londrina, em Curitiba e em outras cidades da região, durante o cumprimento de mandados judiciais. As primeiras conclusões podem aparecer já na sexta-feira desta semana, mas a previsão é de que a auditoria do MP leve meses para analisar todo o material.
“Estamos coletando informações e, por isso, não temos ainda como fechar o panorama das situações que estão surgindo”, disse a promotora Leila Shimiti. As informações, que chegam até por telefonemas anônimos, tratam não só de atos de corrupção. “Algumas tratam da evolução patrimonial incompatível de agentes fiscais”, revelou. “O que posso dizer é que o âmbito da investigação está sendo ampliado.”
Ainda não é possível mensurar a evolução patrimonial dos sete suspeitos nem o tamanho do prejuízo aos cofres públicos com os impostos que não recolhidos. Mais de 40 pessoas físicas e jurídicas tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados na investigação.
Contexto
A investigação sobre o suposto esquema de cobrança de propina tocado por auditores da Receita Estadual em Londrina é desdobramento de outro escândalo envolvendo uma parte dos suspeitos. Tudo começou com o auditor Luiz Antônio de Souza, preso em janeiro em um motel junto com uma adolescente.
A partir de Souza foram presos outros suspeitos de facilitar a prostituição de adolescentes, entre os quais o ex-assessor da Governadoria do estado Marcelo “Tchello” Caramori, além de algumas agenciadoras e de outros auditores.
Em janeiro foram apreendidos documentos e arquivos de computador na casa de Souza, no qual foram encontradas informações que ajudam a embasar as investigações sobre irregularidades na Delegacia da Receita de Londrina. Souza tem um patrimônio estimado em R$ 30 milhões, que seria incompatível com os seus rendimentos, segundo investigadores.
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