As mudanças climáticas decorrentes da ação humana podem deixar a temperatura média do Brasil até 4º C mais quente, até 2100, o que provocaria um avanço de até meio metro do Oceano Atlântico, colocando em risco cerca de 42 milhões de brasileiros que vivem em zonas costeiras, revelou nesta terça-feira o Ministério do Meio Ambiente (MMA). O alerta é resultado de oito projetos de pesquisa sobre Mudanças Climáticas e seus Efeitos sobre a Biodiversidade Brasileira, uma série de estudos encomendada em 2004.
Segundo um dos relatórios, desenvolvido pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Climáticas (Inpe), a cidade do Rio de Janeiro seria a mais vulnerável à elevação do nível do mar. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o estudo servirá para traçar novas diretrizes nas políticas públicas no setor.
- Eu advogo para que se faça um plano de prevenção e combate ao desmatamento no nível nacional, como foi feito na Amazônia. Ou nós entramos num novo processo civilizatório ou então vai ser muito difícil conviver com esses efeitos - afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Segundo José Marengo, que coordenou um das pesquisas, a temperatura média do ar no país pode chegar a 28,9º C neste século - atualmente, ela está em 24,9º C. Na Amazônia, o aumento da temperatura poderia chegar, no cenário mais pessimista analisado pelos cientistas, a 8º C.
Os estudos do MMA começaram a ser realizados em 2004. O trabalho, concluído no ano passado, foi divulgado semanas depois do levantamento do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que mostrou um aumento do aquecimento global e das emissões de CO2 no mundo.
O estudo foi baseado em dois cenários. Em um deles, as autoridades brasileiras conseguiriam reduzir a emissão de CO2 e o desmatamento, principalmente na Amazônia, quase que completamente. Em outro cenário, haveria o contínuo aumento do aquecimento, do desmatamento e da emissão de gases tóxicos.
No cenário mais pessimista, a temperatura média do Brasil pode subir até 4º C até 2100. Hoje, a temperatura média do Brasil é de 24,9ºC. Já a temperatura na Amazônia poderia subir até 8ºC, aumentando a incidência de doenças como a malária, dengue, febre amarela e encefalite.
De acordo com o levantamento, na costa brasileira observou-se a tendência de um aumento do nível do mar de 40 centímetros por século, mas, devido aos fatores globais de aquecimento, esse avanço pode chegar até 50 centímetros.
Estudos do Inpe também simularam uma enchente na Ilha do Marajó com o nível mais alto do oceano e chegaram a conclusão que, com uma elevação de dois metros, cerca de 28% do território da ilha desapareceria. Se a cheia atingisse seis metros, mais de 36% do local ficaria submerso.
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