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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou nesta terça-feira (1º) que nenhum país da América Latina possui armas nucleares e defendeu o "jeitinho" brasileiro de fazer política. "Aqui, entre uma briga e um jeitinho, vamos num jeitinho. Deve ser resultado da mistura entre europeus, negros e índios (...) Somos o primeiro continente desnuclearizado. Aqui nenhum país tem bomba nuclear. Não queremos. Queremos mais comida, mais emprego, mais salário, mais cultura, mais qualidade de vida", afirmou o presidente durante o encerramento do 33º Período de Sessões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

O presidente também defendeu o reforço da relação do Brasil com países emergentes. Segundo ele, nos últimos anos houve uma mudança de paradigma e os novos dirigentes de nações pobres passaram a valorizar os próprios países. Lula ressaltou que "antigamente" havia uma competição entre líderes da América Latina para provar quem era mais "mais amigos dos Estados Unidos".

"Pela primeira vez temos um conjunto de dirigentes, já tivemos em 1950 alguns e por isso foram cassados, mas teve um momento em que a grande briga na América do Sul era saber qual país era mais amigo dos Estados Unidos. Se o presidente dos EUA convidava alguém para passar a tarde em Camp David, então, era o máximo", disse. Lula lembrou ainda que há alguns anos "embaixadores de potências internacionais davam palpite até sobre qual candidato deveria ser eleito".

O presidente afirmou que quer ser "amigo" de todos os países, mas defendeu tratamento igual para potências internacionais e países emergentes. "Quero a paz e amizade com todos os países do mundo. Quero tratar com os EUA, China e Rússia da melhor forma possível. Mas também quero tratar Uruguai, Paraguai, Argentina da mesma maneira", defendeu.

Segundo Lula, os países pobres devem deixar claro para a comunidade internacional que não precisam da interferência dos países ricos para resolver problemas nacionais. "Precisamos dizer ao mundo que não precisamos de ninguém para tomar conta de problema que é nosso. Se temos problema de drogas, temos que resolver. Se temos problema de miséria temos que resolver", afirmou.

O presidente defendeu o Mercosul, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), e a aproximação do Brasil com a Comunidade do Caribe (Caricom). No entanto, o presidente afirmou que apesar da "mudança de paradigma" no país ainda há quem acredite que a relação do Brasil com os demais países da América Latina é um "retrocesso". "É impossível que aqueles que morreram pela nossa independência não sirva de exemplo de que nenhum país cresce sendo colonizado. Não conheço nenhum país que se tornou forte", disse.

Ao defender uma nova forma de "governança global", Lula elogiou as medidas tomadas pelo seu governo durante a crise econômica mundial. Ele voltou a dizer que deixará o governo tendo criado durante os oito anos de mandato 14 milhões de empregos. "A experiência do Brasil prova que é possível controlar a inflação sem comprometer o progresso e reduzindo a vulnerabilidade externa. Teremos criado mais de 14 milhões de empregos até eu deixar o governo. [Serão] 14 milhões de empregos formais nesses oito anos de governo. Realizamos uma política econômica que privilegiou o mundo do trabalho".

Irã

Mais cedo nesta terça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o Brasil, "mesmo não sendo favorável", vai respeitar eventuais sanções ao Irã caso sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O chanceler foi à Comissão de Relações Exteriores do Senado para explicar o acordo nuclear assinado com Irã para troca de urânio levemente enriquecido por combustível nuclear com a Turquia. "Se houver sanções, mesmo que o Brasil não seja favorável, vai respeitá-las", disse.

O acordo assinado por Brasil, Irã e Turquia é visto com desconfiança e tem sido alvo de críticas das maiores potências mundiais desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Oriente Médio. Os Estados Unidos e países da comunidade européia defendem a aplicação de novas sanções ao regime iraniano diante da disposição do presidente Mahmoud Ahmadinejad de continuar com a política de enriquecimento de urânio.

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