A visita da presidenta da República à Argentina na segunda-feira (31) inaugura a agenda da política externa brasileira de Dilma Rousseff. Na última sexta-feira (28), em entrevista a jornalistas em Porto Alegre, a presidente deu mostras de que a escolha da Argentina para inaugurar sua agenda de viagens internacionais indica que a América do Sul e o país vizinho terão prioridade na política externa.
Na ocasião, Dilma afirmou que no passado o Brasil olhava apenas para a Europa e os Estados Unidos e que é preciso perceber que o desenvolvimento do Brasil passa por fortalecer o desenvolvimento da região.
A relação entre o Brasil e a Argentina terá atores diferentes daqueles dos últimos oito anos. Saem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e entram Dilma Rousseff e Antônio Patriota.
A mudança, no entanto, não deve alterar as diretrizes que pautaram a relação entre os dois países nos últimos anos, na avaliação do professor de História das Américas da Universidade de Brasília, Carlos Eduardo Vidigal. "As relações entre Brasil e Argentina sob o governo Dilma continuarão a se pautar pelos mesmos interesses que sustentaram as relações bilaterais no governo Lula: o aumento do comércio e dos investimentos, a coordenação na área de segurança e defesa, via Unasul [União de Nações Sul-Americanas] e o aprofundamento do Mercosul".
O professor Vidigal, no entanto, avalia que o perfil da presidenta Dilma poderá fazer com que o governo brasileiro adote posições mais firmes na relação com o país vizinho em setores que representem perdas para o Brasil. "Poderá mudar é uma maior firmeza do Brasil frente às perdas verificadas em alguns setores, como, por exemplo, a diminuição da presença da Petrobras no mercado argentino".
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