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Tarso: relatório é “desapaixonado” | José Cruz/ABr
Tarso: relatório é “desapaixonado”| Foto: José Cruz/ABr

Uma parte considerada estratégica do material apreendido no Grupo Opportunity e nas residências do banqueiro Daniel Dantas, durante a Operação Satiagraha, está sendo considerada "indevassável" pelas autoridades que atuam no caso. O acesso aos discos rígidos e documentos apreendidos nos computadores do banqueiro depende de senhas, que estão todas criptografadas. Cada senha teria cerca de um bilhão de combinações possíveis, já avisaram os peritos que atuam na Polícia Federal.

Mesmo assim, sem parte importante das possíveis provas, o novo relatório das investigações da Satiagraha, feito após o afastamento do delegado Protógenes Queiroz da operação, já foi concluído pelo delegado Ricardo Saadi, seu substituto no caso. O documento, de 249 páginas e cinco anexos, confirmaria as acusações contidas no relatório produzido por Protógenes – que responde a um inquérito na própria PF por ter vazado informações da operação e por ter produzido provas de forma ilegal.

Esse novo relatório deverá embasar o processo por lavagem de dinheiro, crime financeiro e outros supostos delitos do banqueiro. "Não houve ‘refazimento’ do trabalho do delegado Protógenes em nenhum momento", disse à reportagem uma das autoridades que atuam no caso, citando a declaração do ministro da Justiça, Tarso Genro, que afirmou que a investigação estaria passando por um processo de "refazimento". "Foi feito um aprofundamento do relatório anterior. Já mandamos inclusive avisar isso ao ministro." Ontem, Tarso disse que o novo relatório será "desapaixonado e tecnicamente bem feito’’.

O procurador da República Rodrigo De Grandis recebeu o relatório na última sexta-feira. A reportagem apurou que já há indícios para a denúncia de lavagem de dinheiro, o que pode resultar em pena de 3 a 10 anos de detenção, caso Dantas seja condenado. Mas a falta de acesso aos discos rígidos ainda fragiliza a denúncia por crimes financeiros (pena de 3 a 12 anos de prisão) e formação de quadrilha (1 a 3 anos de detenção). Por isso, o Ministério Público Federal (MPF) poderá apresentar as denúncias separadamente contra Dantas.

As autoridades que atuam na Satiagraha estão tentando agilizar as denúncias para tentar barrar uma suposta estratégia da defesa do banqueiro.

A defesa de Dantas vem tentando suspender as investigações e o processo a que o banqueiro já responde na Justiça sob a alegação de que a Operação Satiagraha cometeu diversas ilegalidades. Para os advogados do banqueiro, a participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas investigações anularia provas obtidas por eles, que seriam, segundo a defesa, ilegais.

Além da suspensão das investigações e do processo judicial, Dantas tenta ainda afastar do caso o juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, responsável pela prisão do banqueiro. Os advogados de Dantas alegam que De Sanctis é suspeito para o julgamento porque está comprometido demais com a Operação Satiagraha. O pedido de suspeição e o afastamento do juiz podem ser julgados na próxima segunda-feira. Mas há também a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) impedirem De Sanctis de atuar no caso.

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