O governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) completou no final da tarde desta quinta-feira (18) uma semana como preso na Superintendência da Polícia Federal. A prisão foi decretada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por entender haver envolvimento de Arruda em uma suposta tentativa de suborno a uma testemunha do caso do mensalão do DEM. Arruda se entregou à PF pouco antes das 18 horas da quinta-feira da semana passada (11).
O suposto esquema de distribuição de propina, que ficou conhecido como mensalão do DEM de Brasília, veio à tona no dia 27 de novembro, quando a PF deflagrou a operação Caixa de Pandora. No inquérito, Arruda é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de recursos a deputados distritais e aliados, o que ele nega.
O governador acabou preso após supostos emissários seus tentarem "comprar" o depoimento do jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Sombra. A ação foi gravada pela Polícia Federal. Além de Arruda, outras cinco pessoas estão presas pelo mesmo motivo.
A sala onde Arruda está na Superintendência da Polícia Federal tem 40 metros quadrados. Há um sofá, uma mesa com cadeira, um banheiro privativo e uma cama colocada na sexta-feira (12) para acomodar Arruda. O ar condicionado é central e fica ligado o tempo todo. A televisão foi retirada assim que o governador entrou na sala, ainda na quinta-feira da semana passada.
Todos os dias, Arruda recebe duas vezes a visita de um médico da Polícia Federal que tira sua pressão arterial e faz um breve exame clínico. Desde domingo (14), Arruda passou a tomar banho de sol por cerca de 15 minutos em todos os finais de tarde. Somente na noite de terça-feira (16), o governador afastado do Distrito Federal foi à janela da sala e foi flagrado observando uma manifestação a seu favor por meio de persianas (veja vídeo acima).
Durante este período na prisão, Arruda tem recebido poucas visitas. Sua esposa, Flávia, esteve seis vezes na Superintendência da PF. Ela levou refeições para o governador afastado e em uma das ocasiões saiu chorando do prédio em que Arruda está detido.
Os advogados também são presença constante. Todos são unânimes em falar do abatimento do governador afastado. Um deles, Thiago Bouza, chegou a dizer que Arruda estava recuperando as forças, mas outro, José Geraldo Grossi, já classificou o estado de espírito do governador como abatido, nervoso e preocupado.
Além deles, Arruda recebeu poucas pessoas. O secretário de Transportes, Alberto Fraga (DEM), esteve duas vezes com o governador afastado nas primeiras horas de sua prisão. O secretário de segurança, Valmir Lemos, também visitou Arruda.
Na Superintendência da Polícia Federal, a rotina é de pessoas tentando visitar Arruda para entregar livros para ele. Poucos tiveram sucesso. As visitas precisam ser agendadas e só são liberadas para pessoas autorizadas pela Polícia Federal e pelo governador afastado.
Em frente ao prédio em que Arruda está preso é constante o movimento de motoristas buzinando e gritando xingamentos contra ele. As manifestações no gramado em frente à PF, no entanto, são mais favoráveis. Simpatizantes têm colocado faixas e, com um megafone, fazem chegar a Arruda seu apoio.
Os conflitos são raros, mas existem. Na noite desta quarta-feira (17), por exemplo, um manifestante contrário ao governador queimou bonecos e foi perseguido por simpatizantes do governador afastado.
O tempo de Arruda na prisão deve se estender por mais tempo. Na quinta-feira passada, a defesa do governador afastado recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo um habeas corpus. O pedido foi negado em liminar pelo ministro Marco Aurélio Mello e somente na quinta-feira da próxima semana (25) o plenário do STF deverá decidir sobre o mérito.
Até lá, salvo se houver alguma outra decisão judicial, Arruda deverá continuar preso. Enquanto permanecer como governador do estado, ainda que afastado, Arruda deverá permanecer na PF. Ele só terá de ser levado para o presídio da Papuda, no Distrito Federal, se renunciar ou tiver o mandato cassado.
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