Os desembargadores não podem dizer que não sabiam. Em 2009, a inspeção do Conselho Nacional de Justiça incluiu em seu relatório final a seguinte frase sobre o estado das coisas em Colombo: "No Fórum inexiste local seguro para a armazenagem de bens apreendidos". Nesta semana, depois de bandidos entrarem lá para roubar armas, descobriu-se que entre os bens que ficavam por lá havia fuzis e metralhadoras.
Mais por sorte do que por juízo, as armas pesadas foram retiradas dias antes do assalto. Os bandidos levaram 296 armas leves, como pistolas e revólveres. Segundo anotou o repórter Diego Ribeiro, desta Gazeta, Miguel Kfouri, que vai encerrando sua gestão no Judiciário local, calcula que 30% das armas estejam em condições de uso. Se estava tentando acalmar a população, não parece que tenha funcionado: o saldo da má gestão é que há bandidos com 100 armas a mais rondando a região metropolitana. E as outras, mesmo sem funcionar, podem muito bem servir para intimidar alguém.
A inspeção do CNJ foi realizada há três anos. De lá para cá, Colombo continuou na mesma. O tribunal diz ter comprado 506 cofres a mais. E que em 2013 haverá um fórum novo na cidade. Nesta velocidade, quantas vezes ainda os bandidos terão chance de entrar no Judiciário e fazer a feira? Não foi nem a primeira vez no ano. Como dormir com um barulho desses?
Não é que tenha faltado dinheiro para resolver o problema. O tribunal tem um belo orçamento e nos últimos tempos, veja só, decidiu gastar parte dele justamente com a segurança. Resolveu, por exemplo, comprar 90 carros para que todos os integrantes do TJ possam ir e voltar para casa de maneira segura. Abriu licitação para blindar os Fluence e colocou motoristas à disposição dos desembargadores.
A conta não saiu barata. Só a compra dos carros ficou em R$ 4,5 milhões. Miguel Kfouri alegou na época que a segurança dos membros do Tribunal de Justiça estava em risco. É claro que estava. Já imaginou, com todos esses criminosos tendo acesso a fuzis e metralhadoras? Na verdade, com os carros blindados que ganharam, os desembargadores são os únicos a ser colocados em segurança pelo tribunal. Os demais jurisdicionados, como diz o jargão dos desembargadores, ficam como?
Se não havia como pôr um cofre no local, por que pelo menos não se reforçou a segurança? Havia um único vigia no local. Se fosse você lá e chegassem vários sujeitos armados, faria o quê? Reagir, sozinho? Agora, porém, como jeito de corrigir as coisas, o Judiciário diz que vai fazer uma sindicância para ver se houve falha por parte do vigia. Como de costume, o risco é de que a corda arrebente do lado mais fraco.
No início do ano, assume a presidência do Judiciário o desembargador Clayton Camargo. Terá dois anos pela frente. É de se esperar que sua gestão invista menos em benefícios para os desembargadores, que já ganham bem e podem comprar os próprios carros, e mais na segurança de todos os paranaenses. Afinal, os magistrados são servidores públicos. Estão no cargo para servir a toda a população, e não o contrário.
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