Depois de fazer uma série de discursos duros contra a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o senador Fernando Collor (PTB-AL) fez um corpo a corpo pelo plenário do Senado durante as votações desta terça-feira (25) para convencer os demais senadores de que Janot não deve ser reconduzido ao cargo.
Opinião: A força que vem da fraqueza
A sabatina de Rodrigo Janot, nesta quarta-feira (26), no Senado Federal, pode ser a prova de que em um governo republicano a soma de fraquezas dos homens pode resultar na força das instituições.
Leia a matéria completaJanot pede nova investigação de Collor, por peculato e crimes em licitações
Leia a matéria completaIndicado pela presidente Dilma Rousseff para permanecer por mais um mandato à frente do Ministério Público, o procurador será sabatinado pela comissão de Constituição e Justiça da Casa nesta quarta (26). Ele deverá ser questionado, principalmente, sobre a sua atuação no comando das investigações contra políticos no âmbito da Operação Lava Jato.
Após a sabatina, Janot terá seu nome avalizado pela comissão. Se for aprovado, a indicação segue para análise do plenário ainda nesta quarta. Janot precisa ser aprovado por 41 dos 81 senadores para ser reconduzido.
Collor foi denunciado por ele na última quinta-feira (20) sob a acusação de que praticou os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção da Petrobras. Desde a semana passada, o ex-presidente tem usado a tribuna do plenário para, entre outras coisas, dizer que o procurador é “um sujeitinho à toa”, “fascista da pior extração” e “sujeito ressacado”.
Na CCJ, Collor apresentou um voto em separado na última reunião do colegiado contra a recondução do procurador. Ele argumentou que Janot não tem condições de permanecer no cargo porque usa a Procuradoria para fins políticos. A brincadeira entre seus colegas é de que ele levará até um colchão à comissão para ser o primeiro a chegar nesta quarta e se sentar de frente ao lugar que será ocupado pelo procurador.
Ele contestou ainda o parecer apresentado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) favorável à recondução sob a alegação de que os senadores não possuíam todas as informações necessárias para decidir.
Segundo Collor, Janot omitiu da documentação entregue à CCJ informações sobre a sua conduta, como por exemplo, que é alvo de investigações no TCU (Tribunal de Contas da União) e no próprio Senado, onde tramitariam cinco petições contra o procurador.
Esta não é a primeira vez que Collor faz campanha contra a indicação para o Ministério Público. Em 2013, o plenário do Senado rejeitou a indicação do procurador Vladimir Barros Aras para o Conselho Nacional do Ministério Público.
Apesar de Barros ter sido escolhido por quase 500 procuradores da República numa lista tríplice para concorrer ao cargo e ter sido aprovado pela CCJ, os senadores rejeitaram a sua indicação em retaliação ao então procurador-geral, Roberto Gurgel. Nos bastidores, Collor e senadores do PMDB e PT articularam a derrubada sob o argumento de que Barros era ligado ao procurador-geral.
Collor também atuou para derrubar, no mesmo ano, a indicação do procurador Wellington Cabral Saraiva para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Saraiva era representante do Ministério no Público no conselho e seria reconduzido ao cargo.
Collor diz que tudo que Janot faz em relação à sua pessoa de nada adiantará
Leia a matéria completaJá naquela época, o petebista criticava a atuação do Ministério Público. Ele tinha Gurgel como seu desafeto desde a CPI do Cachoeira.
Manobra
Na semana passada, Collor recorreu a uma manobra para poder participar, na quarta (26), da sabatina de Janot, que tenta ser reconduzido à chefia do Ministério Público.
Líder do bloco que agrega o PTB, PR, PSC e PRB, Collor destituiu o senador Douglas Cintra (PTB-PE) e se indicou para compor a suplência da comissão. Na quarta (19), apresentou um voto em separado contrário à aprovação do nome de Janot.
De acordo com senadores próximos a Collor, ele tentará constranger o procurador durante a sabatina. Como suplente, poderá participar das discussões mas só terá direito a voto se algum senador do seu bloco estiver ausente.
Caso o nome de Janot seja aprovado pela CCJ, ele ainda terá que passar pelo crivo do plenário do Senado, onde terá que obter pelo menos 41 votos favoráveis à sua recondução, de um total de 81 senadores.
Desde que passou a ser investigado pela Lava Jato, Collor tem feito duras críticas à atuação do procurador-geral. No início do mês, em pronunciamento na tribuna do Senado, ele xingou Janot de “filho da puta”.
Cirurgia de Lula retoma discussão dentro do PT sobre candidatura para 2026
Cabeça de Lula e “pancada” do Banco Central põem dólar abaixo de R$ 6
Enquete: Lula deveria se licenciar do cargo enquanto se recupera?
Deputado Filipe Barros fala sobre popularidade de Lula e estratégias para 2026; acompanhe o Entrelinhas
Deixe sua opinião