• Carregando...

Família não acredita mais na Justiça

O atual prefeito de Arapuã, Deodato Mathias (PMDB) – irmão caçula do ex-prefeito assassinado, Hélio Mathias – diz que não confia mais na Justiça. "Nossa família já não acredita na justiça dos homens e agora esperamos apenas a justiça divina."

Ele lembra que sempre cobrou mais empenho da polícia e, agora, da Justiça, mas lamenta que, passados 10 anos, os executores e o mandante do crime continuem impunes. "Nosso desejo era de que o processo andasse com mais agilidade e que as pessoas que cometeram esses delitos fossem punidas com o rigor da lei", afirma Deodato Mathias.

Encoberto

"Aqui em Arapuã e região todos sabem quem mandou matar Hélio Mathias e se beneficiou de sua morte; o crime foi esclarecido nas investigações, mas tudo isso permanece encoberto", diz, em tom de desabafo, o atual prefeito de Arapuã.

A população de Arapuã, na região centro-norte do estado, a 515 quilômetros de Curitiba, lembrou, na semana passada, com a celebração de uma missa, os 10 anos da morte do seu primeiro prefeito, Hélio Mathias. Ele foi executado por dois pistoleiros, sendo alvejado a curta distância, com dois tiros nas costas e um na cabeça. Na época, o crime revoltou a população e a família de Mathias.

Consta no inquérito policial e no processo ainda em trâmite na Comarca de Arapongas que o principal suspeito de ter mandado matar Mathias seria o então vice-prefeito, José Pereira da Silva, o "Zé Tarugueiro". Com a morte de Mathias, Tarugueiro assumiu o cargo e concluiu o mandato de 1997 a 2000.

O crime ocorreu na manhã do dia 17 de abril de 1997, na Avenida Maracanã, em Arapongas, em frente a uma concessionária. Aos 44 anos de idade e com apenas cem dias de governo no novo município, recém-emancipado de Ivaiporã, Hélio Mathias (PMDB) foi morto quando ia abrir a porta de sua caminhonete. Acompanhado do então presidente da Câmara, João Caetano Carvalho, o "João Sodinha", Mathias estava em Arapongas encaminhando um processo de licitação para a compra de dois veículos para o município.

A investigação do assassinato transcorreu paralela em Arapongas (local do crime) e em Ivaiporã, onde ficava a delegacia regional à qual estava ligada Arapuã. Depois de três meses de instauração do inquérito, o delegado José Carlos Bassalobre revelou o nome dos supostos pistoleiros acusados de terem praticado o crime: Antonio Carlos Silva, na época com 31 anos, e Robson de Oliveira Santana, que tinha 19 anos na ocasião. Mas, somente em setembro de 1999 foram presas as primeiras pessoas que teriam ligações com o assassinato.

O delegado que presidia o inquérito, Aparecido Antonio Gregório, pediu a prisão provisória de Adeildo Pereira da Silva, conhecido por "Branco", irmão do então prefeito de Arapuã, José Pereira da Silva; Antonio Marcelino (o "Sá"); Severino Belarmino de Medeiros (Galego) e Naelson Pereira da Silva.

A prisão preventiva foi cumprida, mas os quatro foram liberados mediante habeas-corpus obtido no Tribunal de Justiça. A última movimentação do processo, que tramita na Comarca de Arapongas, foi uma audiência em Ivaiporã, na qual foram ouvidos alguns dos acusados do crime e testemunhas. Aguarda-se para as próximas semanas uma manifestação do promotor Luiz Marcelo Mafra Bernardes da Silva sobre o processo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]