Local abrigou diários oficiais até 2008
A biblioteca da Assembleia juntamente com o a gráfica do Legislativo estiveram no centro do escândalo dos Diários Secretos. Em tese, a biblioteca do Legislativo era o único local público onde era possível consultar edições antigas dos diários oficiais da Assembleia. Mas os volumes foram recolhidos das prateleiras em 2008, quando estourou o caso gafanhoto esquema em que vários funcionários recebiam numa mesma conta bancária. A partir de então, nem na internet, nem em lugar algum era possível consultar os diários oficiais da Casa.
Agora, o que restou da biblioteca do Legislativo vai para o subsolo do prédio onde fica o plenário da Assembleia. Lá funcionava a gráfica, lacrada em fevereiro. Nela eram fabricados os diários oficiais da Assembleia, alguns impressos com datas falsas ou retroativas. Eram esses documentos, que deviam ser acessíveis à população, que escondiam a contratação de funcionários fantasmas e outras irregularidades que estão sendo investigadas pelo Ministério Público Estadual. A estrutura da gráfica foi desativada no mês passado e os equipamentos foram doados para o sistema penitenciário estadual. Os diários da Assembleia passaram a ser editados pela Imprensa Oficial do Estado. (KB)
Consulta
Não servia para nada, diz Rossoni
O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Valdir Rossoni (PSDB), argumenta que será mantida uma "biblioteca normal, importante para o exercício do Legislativo, mas dentro da racionalidade de custos que marca a gestão". Para ele, em tempos de domínio da internet, a consulta dos arquivos em papel está rareando cada vez mais. "Vamos recuperar a história da biblioteca, mas muita coisa vai mudar, já que a nossa não servia pra nada", pondera.
A decisão vai na contramão de muitas Casas Legislativas espalhadas pelo país. A Gazeta do Povo pesquisou nas assembleias dos estados do Sul e do Sudeste e todas mantêm bibliotecas abertas ao público. São estruturas bem-organizadas que contam inclusive com páginas na internet, para a oferta de serviços como solicitação on-line de documentos. A biblioteca da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, por exemplo, é especializada na área das ciências jurídicas e sociais. Dispõe de um acervo com 17 mil itens, como periódicos, toda a legislação estadual, diários oficiais de vários órgãos, além de livros na área de Direito e História e literatura. A coordenadora Sonia Brambilla conta que o espaço é quase centenário existe há 97 anos , que é referência em informação legislativa e que oito pessoas trabalham no local.
Já a biblioteca da Assembleia do Rio de Janeiro tem um acervo ainda mais volumoso. São 40 mil títulos, sob os cuidados de 12 funcionários. Em todas as consultadas, o público principal é formado pelos funcionários que buscam opções de leitura e referências jurídicas para projetos. (KB)
Serviço:
Endereços eletrônicos das bibliotecas consultadas:
www.alesc.sc.gov.br/portal/biblioteca/
http://www.alerj.rj.gov.br/biblioteca1.htm
http://www.almg.gov.br/index.asp?grupo=servicos&diretorio=biblioteca&arquivo=biblioteca
A direção da Assembleia Legislativa do Paraná decidiu que não precisa mais de uma biblioteca. Não de uma tão grande, ao menos. E a maior parte do acervo foi doada à Biblioteca Pública do Paraná (BPP). Ao chegar no quinto andar do prédio administrativo da Assembleia, o visitante se depara com uma sequência de estantes vazias. A estrutura está de mudança: o que não compôs o lote que foi para a BPP vai para o subsolo do edifício ao lado, ocupando parte do espaço que antes era destinado para a gráfica da Assembleia.
Alguns documentos referenciais sobre a Assembleia não estão mais no prédio. Questionada sobre o tempo da construção do edifício que abriga a Casa de Leis, a funcionária da biblioteca do Legislativo conta que não está mais lá o livro que relata toda a história da Assembleia. Teria ido junto com o acervo de aproximadamente 6 mil títulos doados à BPP. O acervo doado para a Biblioteca não inclui atos oficiais, diários ou quaisquer outros documentos referentes ao funcionamento da Casa, que continuaram em poder do setor de arquivo da Assembleia. A doação é basicamente formada por livros acadêmicos e de literatura. Os títulos serão avaliados e devem ser incorporados ao acervo geral da Biblioteca Pública do Paraná, que recebe cerca de 3 mil visitas por dia. A BPP recebe constantemente doações e, eventualmente, repassa material para outras bibliotecas do estado.
O escritor Nego Pessôa, que coordenava o projeto de uma estante paranista na biblioteca do Legislativo, conta que boa parte do acervo cerca de 3 mil títulos veio da compra do espólio do ex-deputado Luiz Roberto Soares, feita pelo ex-presidente Anibal Kury, na década de 90. Seriam basicamente livros de sociologia, filosofia, economia e história. Pessôa, apesar de argumentar que a BPP está com pouco espaço, acredita que a doação foi uma medida acertada. "A Assembleia não tem tradição de leitura. As pessoas nem sabiam que tinha uma biblioteca lá e quase ninguém visitava", diz ele, que por vários anos foi funcionário comissionado da biblioteca.
Só no ano passado, a biblioteca do Legislativo, que leva o nome de Vidal Vanhoni, recebeu três doações de livros. A família do desembargador Henrique Lenz César cedeu 103 tomos, a maioria de Direito. A editora Travessa dos Editores doou 174 títulos e o escritor José Maria Orreda, 16 livros.
Motivos
Em nota oficial, a direção da Assembleia informou os motivos que levaram às mudanças na biblioteca da Casa. Facilitar o acesso da população ao acervo foi a principal razão. O quinto andar do prédio administrativo da Assembleia, onde estava localizada a biblioteca do Legislativo, está com sérios problemas estruturais, como infiltrações, e o piso, devido ao peso dos livros, poderia ruir. Além disso, o local não é servido por elevadores, impossibilitando o acesso de pessoas com dificuldades de locomoção. Já a BPP, acrescenta a nota, tem rampas de acesso e ambientes adequados para abrigar os livros.
Funcionários
Ao total, 23 funcionários efetivos estavam lotados na biblioteca da Assembleia praticamente um servidor para cada estante do local. Uma funcionária conta que apenas 12 nomes constavam na relação de registro de presença de servidores da biblioteca. Segundo a assessoria, foi necessário criar turnos de trabalho para acomodar todos eles. Para efeito comparativo, cada Farol do Saber, com acervo entre 3 mil e 5 mil livros, conta com três funcionários. Ainda não está definido para onde estes funcionários serão tranferidos, mas a Assembleia estuda a possibilidade de cedê-los para a BPP. Para isso, eles deverão passar por um curso de aperfeiçoamento, já que nenhum dos servidores é bibliotecário.
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