A Assembléia Legislativa vai adotar um "recesso branco" de pelo menos dez dias para liberar os deputados estaduais para fazer campanha eleitoral no interior. A decisão foi anunciada ontem pelo presidente da Casa, Nelson Justus (DEM), diante da pressão dos líderes dos partidos que defendem a suspensão das sessões.
A idéia inicial é cancelar as sessões na última semana que antecede a eleição municipal de 5 de outubro, mas o presidente não descarta a possibilidade de antecipar o recesso para a próxima semana se o quórum estiver baixo.
As sessões que são realizadas às segundas, terças e quartas-feiras vêm registrando uma média de presença de 25 deputados. Na última segunda-feira, a sessão caiu por falta de quórum mínimo de 28 deputados.
Dos 13 parlamentares que são candidatos a prefeito ou vice, seis pediram licença, mas não são os únicos ausentes. Praticamente a metade dos 54 deputados está faltando às sessões nesta reta final da campanha.
Apelo
O presidente Nelson Justus disse que fez um apelo para evitar o esvaziamento das sessões durante o período eleitoral, mas a maioria argumenta que não está conseguindo conciliar a campanha com as sessões. "Diante dessa dificuldade de quórum é bom que se dê 10 dias para que os deputados possam trabalhar junto às suas bases", disse.
O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), foi um dos principais defensores do recesso porque garante estar com problemas para reunir a bancada aliada e votar os projetos de interesse do governo. "Com a licença dos deputados candidatos está acontecendo o previsto. Estamos com dificuldade de quórum e não adianta ter sessão sem votação", disse.
Pelo menos nesse ponto até a oposição concorda com o governo. Para Élio Rusch (DEM), líder da oposição, todos os deputados estão sendo cobrados pelos candidatos a prefeito e pelos partidos para correr o interior. Ele diz que viaja 9 horas de ônibus toda semana para chegar ao município de Marechal Cândido Rondon, sua base eleitoral, e reclama da falta de tempo para participar da campanha nos 50 municípios onde tem aliados na disputa.
Críticas
O único deputado que criticou a medida foi Tadeu Veneri (PT). Para ele, a suspensão dos trabalhos reforça a imagem que a população tem sobre a Assembléia Legislativa de que se trabalha muito pouco. "Isso cria facilidade para quem não quer vir na sessão e não ajuda em nada a melhorar a impressão negativa que muitas pessoas têm sobre os deputados", disse.
Apesar do cancelamento das sessões, os parlamentares não terão descontos nos vencimentos. Apenas os seis deputados licenciados não vão receber o salário de R$ 12,1 mil.
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