O departamento de polícia da província de Missiones, na Argentina, investiga a autoria de cerca de dez roubos, com ameaça de arma, praticados contra mulheres na cidade de Puerto Iguazú – na fronteira com Foz do Iguaçu – praticados durante o período da madrugada. O principal suspeito dos crimes é André Roberto Alliana, ex-assessor do ex-deputado federal André Vargas, que deixou o PT em 2014 e está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, investigado pela Operação Lava Jato .
O acusado já ocupou os cargos de secretário de Comunicação do Partido dos Trabalhadores no Paraná, secretário municipal de Meio Ambiente de Foz do Iguaçu (entre 2004 e 2006, na gestão do ex-prefeito Paulo Mac Donald) e foi membro titular do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), representando os governos municipais da Região Sul do país.
No inicio deste mês, Alliana foi nomeado secretário parlamentar do deputado federal Zeca Dirceu (PT) na Câmara Federal, com salário de com salário de R$ 2.595, mas não assumiu a função. Ele foi preso na quinta-feira (21), após perseguição da polícia do país vizinho, e foi reconhecido por vítimas, uma delas menor de idade, através de fotografias. Por decisão da Justiça, ele permanece preso, durante as investigações policiais.
Segundo informações da oficial de Relações Públicas da Polícia de Missiones, Viviana Merlo, Alliana foi preso na quinta-feira após tentar fugir de uma abordagem policial. Uma mulher que havia sido roubada minutos antes com ameaça de uma arma, quando transitava pela rua, e repassou aos policiais as características físicas do ladrão. Os dados coincidiam com Alliana que, ao ser localizado, tentou fugir, mas acabou se machucando (quebrou o fêmur). Com ele, foram encontrados documentos pessoais e pertences de mulheres argentinas. O homem portava ainda uma arma de brinquedo, semelhante à uma pistola 9 mm.
Conduzido para Unidade Regional 5 da Polícia de Missiones, Alliana foi reconhecido, através de fotos, por uma menor que havia sido roubado um dia antes, na quarta-feira (20), em situação idêntica. A Justiça argentina determinou a manutenção da prisão do brasileiro durante as investigações sobre outros crimes com as mesmas características – praticados durante a madrugada e contra mulheres – registrados na cidade de Puerto Iguazú no último mês.
Ouvida pela reportagem, Ilza Rahmeie Alliana, mãe do suspeito, disse que a prisão pode ter conotação política. “Não sei, mas pode ser até armação política”, disse ela. Ilza, no entanto, informou que após a prisão ficou sabendo que o filho estaria passando por dificuldades financeiras. Segundo ela, mesmo transitando ao lado de nomes de expressão da política nacional, o acusado não tinha estrutura financeira. A mulher informou que um advogado foi contratado na Argentina para defender o acusado.
Vargas
Até 2014, Ilza era secretária parlamentar na Câmara federal, assessorando o ex-deputado André Vargas. André Alliana foi nomeado para exercer a mesma função em Brasília, no gabinete do deputado federal Zeca Dirceu, no último dia 14, uma semana antes da prisão. Apesar da nomeação, publicada no boletim administrativo da Câmara Federal, a assessoria do deputado petista informou que Alliana não foi empossado efetivamente na função, o que deveria ocorrer no prazo de 30 dias. O gabinete do deputado teria cancelado a nomeação após avaliar “documentação e histórico” do petista.
Durante a última campanha eleitoral, Alliana atuou como coordenador das campanha de Zeca Dirceu e da senadora Gleisi Hoffmann na tríplice fronteira. Em seu perfil em uma rede social, ele aparece em várias fotos ao lado de Dirceu, Gleisi e até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A assessoria de Dirceu admitiu a participação de Alliana na campanha, mas diz que ele atuou como “apoiador da campanha, sem qualquer vínculo empregatício”.
Antes de ser preso na Argentina, Alliana já tem anotações criminais no Paraná. Em 2000 foi alvo de inquérito em Foz do Iguaçu, acusado de estupro de uma mulher.
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