Os ataques a ônibus na capital paulista continuam à luz do dia. Depois de espalhar pânico na zona sul ateando fogo a ônibus na madrugada, o crime organizado mudou o alvo para a zona leste. Foram dois ônibus incendiados entre 10h e 12h, em Guaianases e Itaim Paulista. Um balanço oficial da SPTrans indica que 46 ônibus foram incendiados na capital paulista até agora. Em toda a Grande São Paulo, os ataques a ônibus chegariam a 90, mas a informação ainda não foi confirmada.
Na madrugada, nove agências bancárias também foram transformadas em alvo pelos bandidos. Mas, segundo o Sindicato dos Bancários, o número de agências atendidas pode chegar a 13. A Federação Brasileira dos Bancos divulgou nota de repúdio à violência.
Grupos de bandidos paravam os veículos e mandavam os passageiros descer. Em seguida, jogavam gasolina e ateavam fogo. Até mesmo o Corpo de Bombeiros, na tentativa de conter os incêndios, foi recebido a tiros pelos criminosos.
Oito empresas de ônibus, sete delas da zona sul, recolheram sua frota por causa da falta de segurança. Cerca de 2,9 milhões de pessoas foram prejudicadas. Nos pontos de ônibus, a população se aglomerou durante toda a manhã. Muita gente não conseguiu ir para o trabalho. Os poucos veículos, a maioria microônibus e lotações, ficaram lotados.
Duas estações do metrô foram atacadas, em Itaquera e Artur Alvim.
Mais de quatro mil ônibus estão parados . Nove terminais de ônibus, entre eles o Terminal Bandeira, no centro, estão fechados.
Os ataques a alvos civis incluíram ainda tiros e granadas lançadas contra as agências bancárias. Pelo menos nove foram atingidas até agora, uma delas na Vila Olímpia, zona sul. Os bandidos alvejaram também um prédio comercial e tentaram matar uma testemunha, mas não conseguiram. O número de atentados praticados pelo crime organizado já passa de 120.
Os ataques nas ruas são simultâneos às rebeliões nos presídios. Desde sábado, detentos de 69 prisões do estado se rebelaram.O número de rebeliões em presídios permanece quase o mesmo, o que mostra que também aí a situação não foi controlada. São 45 presídios rebelados, com 217 reféns. No início da manhã, era 46 estabelecimentos prisionais rebelados.
Além deagentes penitenciários, familiares de presos que foram visitar detentos no Dia das Mães também são reféns.
A garagem de uma viação de ônibus na zona sul da capital paulista também foi atacada. Criminosos jogaram bombas incendiárias por cima dos muros e elas quase atingiram um tanque de óleo diesel. Os funcionários conseguiram apagar o fogo com extintores. Os 291 veículos da empresa não circularam.
A madrugada desta segunda-feira foi também marcada pelo confronto entre policiais e bandidos, com ataques e revides.
A polícia contra-atacou e matou 13 em tiroteios durante a madrugada .
Um carcereiro foi executado na zona leste. Ele trabalhava no 4 Distrito Policial de Santo André, no ABC paulista.
O estado mais rico do pais vive desde a noite de sexta-feira o terror imposto pelo crime organizado. Numa escola da zona leste, uma escola estadual suspendeu as aulas.
A onda de ataques à bases policiais, que começou na noite de sexta-feira, prosseguiu durante todo o fim de semana. O número de mortos chegou a 72 e os feridos a 44 numa contabilidade que chegou a 115 atentados até meia-noite de domingo. Dos mortos, 14 são criminosos. Este foi o último balanço oficial da Secretaria de Segurança Pública até agora. Mas o número já subiu pelo menos para 86, se considerado o carceireiro morto na zona leste e os 13 criminosos mortos pela polícia.
O pior começou no domingo, depois que a polícia anunciou que não haveria negociação com bandidos: os ataques aos alvos civis, basicamente ônibus e agências de bancos.
Apesar do elevado número de mortes e dos ataques a alvos civis, o governador Claudio Lembo afirmou que a situação está sob controle e recusou ajuda do governo federal, que colocou à disposição de São Paulo 4 mil homens da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal, assim como as Forças Armadas.
Numa entrevista coletiva, a cúpula da polícia paulista afirmou que não 'vai negociar com bandido' e o Departamento de Investigações sobre o crime organizado disse que tudo o que poderia ser negociado com os presos já foi acertado anteriormente. Agora, resumiram, os bandidos optaram por confronto e terão resposta à altura.
A polícia criticou ainda a falta de solução tecnológica para evitar o uso de celulares em presídios. Para a polícia, celular é mais perigoso do que arma e é mais fácil fazer calar os aparelhos dentro das cadeias do que acabar com a corrupção que permite a entrada.
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