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A onda de violência em São Paulo respingou na candidatura de Geraldo Alckmin a presidente da República. Para os cientistas políticos, o aumento do índice de rejeição do tucano na pesquisa CNT/Sensus, divulgada nesta quarta-feira, teve forte influência dos ataques ocorridos na semana passada.

Segundo a pesquisa, a rejeição a Alckmin subiu de 33,5% em abril para 40,6%, em maio. Já a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva baixou ligeiramente, de 35,7% para 34,7%. Na opinião do cientista político Rogério Schmitt, da Tendências Consultoria, o aumento do índice daqueles que não votariam de jeito nenhum no ex-governador não deve ser visto como algo definitivo, mas como um fator sazonal.

Na opinião de Schmitt, é muito difícil um candidato vencer as eleições com mais de 40% de rejeição, mas acredita que no caso de Alckmin ainda é cedo para avaliar.

- O fato de o índice de rejeição de Alckmin ter aumentado não é algo irreversível, até porque foi influenciado pelo o que aconteceu em São Paulo nas duas últimas semanas. Se a gente for pensar em números, o Lula também está com um índice de rejeição próximo de 40%, mas nem por isso a gente diz que ele não tem chances de vencer as eleições - destaca Schmitt, lembrando que no caso dos ataques de São Paulo não é possível verificar como Lula foi afetado, pois a pesquisa não perguntou aos seus entrevistados sobre a responsabilidade do governo federal no episódio.

Quem concorda é a cientista política Lúcia Hippólito. Para ela, os ataques que ocorreram em São Paulo nas últimas semanas influenciaram no aumento do índice de rejeição de Alckmin, ressaltando que também não é um resultado definitivo. De acordo com a analista, o fato de na Constituição a ordem pública aparecer como uma responsabilidade do governo estadual, as pessoas esquecem do papel do governo federal.

- Tendo em vista os últimos acontecimentos de São Paulo, houve um estimulador, mais ainda está muito cedo. Vamos supor que a pesquisa tivesse sido feita durante a crise entre Brasil e Bolívia? Provavelmente o índice de rejeição do presidente teria aumentado também - afirmou.

Rogério Schmitt também falou sobre a crise entre o Brasil e a Bolívia. Assim como Lúcia Hippólito, o cientista político não acha que o episódio tenha afetado o desempenho eleitoral do presidente Lula porque a crise do gás não atingiu os consumidores diretamente. Segundo ele, questões que envolvem políticas externas geralmente não têm efeito sobre o eleitor brasileiro.

- Como a crise não chegou na bomba de gás, não chegou no bolso do eleitor, ela não teve efeito sobre o resultado eleitoral - falou.

Rogério Schmitt falou ainda sobre a saída do PMDB da disputa eleitoral. Para ele, Lula foi quem mais se beneficiou com a saída de Anthony Garotinho da disputa eleitoral. De acordo com a analista, o único cenário válido hoje seria a disputa em que o candidato do PMDB não aparece. Nesse caso, Lula teria 42,7% dos votos, enquanto Alckmin, 20,3%. Fazendo uma comparação com a pesquisa de abril, há um aumento de 17% para 24% da vantagem do petista sobre o tucano. Schmitt explicou que com a saída de Garotinho há quase que uma transferência automática dos eleitores do peemedebista para Lula. Segundo ele, isso acontece muito pela semelhança entre o perfil do eleitor dos dois.

Lúcio Hippólito já aponta para um possível retorno do PMDB ao cenário eleitoral. Ela chama atenção para o alto percentual de votos nulos, brancos e de indecisos. Para a cientista político, esse índice tanto pode mostrar que ainda está cedo para qualquer avaliação, como pode indicar uma nova candidatura. Ela especula que com esses números, o PMDB pode voltar a sonhar com a candidatura própria, que tem dividido o partido.

- Entre 20% e 25% de votos brancos, nulos e indecisos somam cerca de 20 milhões de votos. Isso significa espaço para uma visão alternativa. Eu não sei se o PMDB vai ocupar esse espaço, mas o eleitorado, diante das opções que são apresentadas hoje, pode querer ir para um outro caminho - disse.

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