Empatados tecnicamente na largada do segundo turno da disputa pela prefeitura do Rio, os candidatos do PV, Fernando Gabeira, e do PMDB, Eduardo Paes, se envolveram numa escalada de ataques mútuos de intensidade crescente, a partir do último fim de semana. Em sua face mais dura, o confronto incluiu uma onda de panfletos e faixas lembrando recentes frases do candidato verde sobre a vereadora Lucinha, do PSDB ("Ela está com salto alto. É analfabeta política. Tem visão suburbana e precária"), distribuídos nas zonas norte e oeste por um suposto "Movimento de Desagravo ao Subúrbio do Rio".
Gabeira, em resposta, acusou Paes de querer jogar uma parte da cidade contra a outra (a zona sul, onde tem sua mais forte base) e disse que a acusação é "a tábua de salvação" do adversário. Em outra frente, Paes acusou o militante da campanha verde Francisco Miranda, agredido no fim de semana por cabos eleitorais do PMDB, de ter ficha criminal por estelionato, lesão corporal e provocação de baderna.
"O candidato Gabeira está andando muito mal acompanhado", provocou. O deputado verde acusou Paes de uso da máquina pública para obter informações (o peemedebista admitiu tê-las conseguido com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, mas disse que são de acesso público).
Gabeira também comparou as acusações contra Miranda às alegações contra mulheres estupradas, que seriam atacadas sexualmente por serem sedutoras, e disse que quem anda mal acompanhado é Paes. "Na verdade, quem agrediu foram as companhias dele (Paes)", disse Gabeira. "Ele continua desenvolvendo a tática de culpar a vítima."
Justiça
Na frente jurídica, Gabeira anunciou hoje que a aliança que o apóia (PV-PSDB-PPS) vai à Justiça para suspender a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de Paes, na propaganda eleitoral reiniciada ontem. Segundo Gabeira, advogados da coligação preparam uma ação alegando que no segundo turno continua em vigor o mecanismo legal que impediu, no primeiro, a participação na campanha de pessoas filiadas a partidos que tinham candidato próprio ou em aliança.
Exibido nesta segunda-feira (13) pela primeira vez, o depoimento de Lula foi gravado na semana passada, depois que o ex-parlamentar pediu desculpas ao presidente por ter, como deputado do PSDB, atacado duramente o governo federal no caso do mensalão, em 2005.
"Queríamos livrar o presidente da República deste constrangimento (ser retirado da campanha)", disse Gabeira. "É um líder de renome internacional, não é correto que seja julgado numa eleição municipal e julgado numa circunstância em que estão desrespeitando a lei." Até o início da noite de hoje, porém, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) informava oficialmente não ter recebido o pedido.
Paes respondeu com ironia à iniciativa do adversário. "Apesar de o DEM não fazer parte da coligação do Gabeira, se ele colocar o Cesar Maia, que o está apoiando, no programa eleitoral. Não vou reclamar não, nem entrar na Justiça", brincou o peemedebista, em alusão os baixos índices de popularidade do prefeito, que apóia o verde.
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