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Enquanto as autoridades não resolverem os graves problemas nas cadeias de São Paulo, como tortura de presos, falta de médicos e infra-estrutura ruim, o estado continuará sofrendo ataques do crime organizado a qualquer momento. A afirmação é do presidente da ONG Nova Ordem, Ivan Raymondi Barbosa. Ele disse que desde maio, na primeira onda de atentados, os presos passaram a ser torturados, ficaram sem atendimento médico e receberam até comida com vidro.

- Recebemos essas denúncias de familiares e era previsível que a violência voltaria. Somos contra esses ataques, mas também somos contra a tortura que os agentes vêm impondo aos presos nos últimos meses. Enquanto essa situação não mudar, creio que os atentados vão continuar acontecendo - disse Ivan, que é ex-policial civil.

A ONG Nova Ordem é suspeita de envolvimento com o crime organizado em São Paulo. Em maio, os ataques foram suspensos depois que uma integrante da entidade, a advogada Iracema Vasciaveo, levada num avião do governo de São Paulo, visitou o preso Marcos Camacho, o Marcola, no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. Foi pelo celular dela que o preso Luiz Henrique, o L.H, teria garantido a pessoas de fora da prisão que líderes do bando, como Marcola, estavam bem e não tinham sido torturados. Essa é a explicação oficial. A outra, não confirmada pelos presentes no encontro, incluindo autoridades, é que o detento teria dado ordens para cessar os ataques.

Ivan disse que mulheres e mães de presos - de 18 a 70 anos de idade - estão sendo constrangidas pelos agentes durante a revista para as visitas. Ele disse que em alguns casos elas estão sendo 'apalpadas' para verificar se não carregam drogas ou celulares para dentro dos presídios.

Em Presidente Venceslau, Ivan disse ter recebido denúncias de familiares de presos de que alguns deles da P-2 estavam recebendo comida com vidro, o que teria causado sérios problemas de saúde. No presídio de Ribeirão Preto, as denúncias são de espancamento. Segundo os familiares relataram a ele, até tiros foram dados. No Centro de Detenção Provisória de Mogi das Cruzes, vidro e arames também teriam sido encontrados na comida dos presos.

- Em algumas unidades, isso já foi resolvido. Mas em outras, continua acontecendo, o que vem revoltando os detentos - diz Ivan.

Para ele, a secretaria de Administração Penitenciária está sendo muito 'burocrática' para resolver os problemas das cadeias.

- Sabemos que as autoridades estão trabalhando para reformar os presídios, melhorar as condições. Mas há situações, como agora, em que não se pode esperar por licitação ou cair na burocracia. As providências devem ser tomadas o mais rápido possível - afirma o presidente da ONG.

Ele diz que essa demora, na ótica dos presos, pode parecer uma paralisia total das autoridades. Isso desencadeia raiva e deságua em atentados contra a população e alvos militares.

- É compreensível que a imprensa mostre a morte dos agentes penitenciários. Mas também é preciso mostrar a situação deprimente dos presos dentro das cadeias - afirma o ex-policial.

Ele disse que todas as denúncias feitas por familiares foram apresentadas a representantes da Defensoria Pública do Estado, Procuradoria do Estado e ao juiz corregedor dos presídios, Carlos Fonseca.

- Está faltando vontade das autoridades - diz o presidente da Nova Ordem.

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