Os donos do grupo Sundown não serão os únicos beneficiados com a decisão do STJ que não considerou válidas as provas colhidas por meio de interceptações telefônicas realizadas ao longo de dois anos. Até o narcotraficante Fernandinho Beira-Mar poderá ter a pena reduzida se recorrer ao STF. O traficante recentemente foi condenado a 30 anos de prisão por tráfico internacional de drogas depois da operação Fênix da Polícia Federal, em novembro de 2007. A investigação comprovou que Beira-Mar, mesmo preso, comandava a organização criminosa de dentro do Presídio Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.

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"Essa investigação se baseou 90% em interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Como iríamos descobrir, sem as escutas, que o Beira-Mar continuava na ativa mesmo preso?", questiona o delegado licenciado da PF Fernando Francischini.

Fênix

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A Operação Fênix não foi a única em que a PF utilizou basicamente grampos para se chegar aos criminosos. Francischini relembra pelo menos duas grandes operações nacionais da PF desencadeadas a partir de interceptações telefônicas. "A Farol da Colina, principal desdobramento do caso Banestado, e a operação Dilúvio, com mais de 120 prisões no Brasil, dificilmente seriam deflagradas sem interceptar ligações dos bandidos." Ele também diz que operações da Polícia Civil do Paraná também foram embasadas unicamente em escutas. Foi o caso da "Grande Empreitada", que prendeu empresários paranaenses envolvidos em fraude em licitações, e das operações "Medusa 1, 2 e 3", que desmontou um esquema de cartel na formação do preço de combustível.

Uma fonte da PF, que pediu para não se identificar, ilustra outro caso recente. A PF monitorou, por meio de escutas, uma quadrilha que pretendia roubar agências bancárias em Curitiba. Os roubos foram evitados e a quadrilha, presa. (KK)

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