A partir da criação da lei que instituiu o vale-transporte, em dezembro de 1985, o nome Affonso Camargo, à época ministro dos Transportes, ficou indissociável de seu grande feito político. Desde então, a marca "o pai do vale-transporte" apresentou o político paranaense e é por ela que Camargo será lembrado.

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Um das novidades surgidas no Brasil da Nova República, o projeto de Camargo teve um grande impacto na imprensa nacional e na opinião pública. A lei estipulava que o empresário deveria antecipar o valor da passagem de ônibus ou de metrô ao empregado em quantidade compatível com o número de vezes que o trabalhador usaria o transporte coletivo. A lei ainda previa que esse valor seria deduzido do seu salário em um porcentual máximo mensal de 6% dos vencimentos do trabalhador.

Embalado pela popularidade do vale-transporte, que já lhe garantira uma ótima votação para o Senado em 1986, Camargo lançou-se candidato à Presidência em 1989. Usando a legenda do PTB, um dos oito partidos que integrou durante sua trajetória pública, o paranaense ficou em 11.º lugar em uma disputa entre 22 candidatos, recebendo 379.286 votos – ou 0,52% do total.

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"Eu tinha uma esperança de poder simbolizar a ética na política naquela campanha. Eu tenho uma história de ética, mas o povo achou que o ético era o Collor", lembrou Camargo à Gazeta do Povo em uma entrevista de 2009.

A campanha presidencial de Camargo ficou marcada, além do uso de seu slogan político, pela utilização ostensiva da cor amarela nas propagandas e roupas do candidato e pela escolha do comediante carioca Tião Macalé, do programa Trapalhões, da Rede Globo, como o principal cabo eleitoral da campanha televisiva. "Era simpático o contraponto entre o vetusto e íntegro político de família tradicional curitibana ao lado do artista com apelo bem popular", relembra o professor de Ciência Política da UFPR, Ricardo Oliveira.

Na mesma entrevista concedida há dois anos, Camargo, no entanto, lamentou a escolha . "[A participação do comediante)] encantou as crianças. Mas criança não votava. Então, foi um erro grande que eu cometi e isso marcou a minha campanha", disse.

Mesmo assim, Camargo, único paranaense que já se candidatou a presidente da República, lembrava com orgulho da empreitada. "Eu não me arrependi. Foi uma chance que eu tive, eu não me omiti", disse.

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