A família do prefeito de Campinas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado há dez anos, prepara um ato público em nome da resistência contra a omissão no caso. A manifestação está marcada para as 9 horas deste sábado (10), na praça da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Campinas (SP). Às 19h30 haverá uma missa e uma apresentação da Orquestra Sinfônica do município.
Após ir a Brasília na última terça-feira, 6, para tentar a federalização das investigações sobre o assassinato, a viúva do político, Roseana Garcia, informou que, caso não haja desdobramento na esfera federal, ela e seu advogado recorrerão à comissão de direitos humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). A viúva diz não ter dúvidas de que o crime foi político. Até hoje não se sabe quem matou Toninho.
O prefeito eleito em 2000 foi atingido com um tiro na noite de 10 de setembro de 2001, após sair do Shopping Iguatemi. Toninho foi encontrado morto dentro de seu carro, um Palio, na Avenida Mackenzie. O prefeito não utilizava carros oficiais fora do expediente e não tinha seguranças. Nesta sexta-feira (09), cerca de 70 pessoas participaram de um ato ecumênico realizado no local do crime.
Investigações reabertas
O caso passou pela Polícia Civil de Campinas e pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo. O Ministério Público Estadual em Campinas chegou a apontar a quadrilha do sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, como responsável pelo assassinato, mas o juiz José Henrique Torres não aceitou a denúncia. Os promotores recorreram da decisão do juiz no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que manteve a sentença de Torres. No fim do ano passado, as investigações foram reabertas pela Justiça.
Em sua viagem a Brasília na última terça-feira, a viúva solicitou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a entrada da Polícia Federal do caso. Roseana e o advogado da família também pediram ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a federalização das investigações. "A PF pode cooperar no caso, mas como estamos em uma República, deve haver uma conversa com o governador do Estado de São Paulo. Pedimos que o ministro tivesse essa conversa", disse Roseana. "O procurador-geral precisa enviar o pedido de federalização ao Superior Tribunal de Justiça. E sabemos que só houve um caso de federalização, o do Manoel Mattos (advogado pernambucano morto em 2009 e cujo crime foi o primeiro a sair da jurisdição de um estado para ser julgado pela União), mas o caso do Antonio é emblemático, é um atentado contra a democracia."
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