Nem só para contratações irregulares de pessoal serviram os mais de 600 atos secretos do Senado em 14 anos. Como mostra reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira (22), a comissão de sindicância concluiu que outras decisões administrativas foram tomadas para beneficiar senadores e funcionários. Os gastos, cobertos com dinheiro público, incluem a reforma de um apartamento funcional em que só a obra da cozinha custou R$ 100 mil, além de passagens aéreas e reembolso de despesas médicas fora do padrão.

CARREGANDO :)

Os parlamentares já foram alertados de que a caixa-preta da instituição esconde muito mais do que já foi divulgado, e que a investigação deve atingir todos os grupos de senadores, inclusive os integrantes do chamado grupo ético. Os atos secretos não ficaram centrados apenas na contratação de parentes e aliados do grupo político do presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP). Por isso, instalou-se nos bastidores um clima de ameaça e intimidação.

Nos mais de 600 atos, há contratações de pessoal em diversos gabinetes, além dos da família Sarney, e muitos encaminhamentos administrativos. Segundo funcionários, os dados vão abrir novas frentes para apuração de irregularidades. Entre as novas informações que devem surgir nos boletins sigilosos está a ampliação da cota de impressão de livros na gráfica do Senado para parlamentares.

Publicidade

Aumenta pressão por reação mais dura de Sarney

Mesmo com a blindagem do Palácio do Planalto, a avaliação feita por integrantes do governo é que Sarney precisará ter uma postura mais ofensiva e anunciar medidas práticas esta semana. Caso contrário, ficará numa situação delicada, com o risco até mesmo do retorno do movimento para desestabilizar sua gestão. Interlocutores alertaram Sarney de que sua entrevista na última sexta-feira (19) foi sofrível, e que suas reações tímidas não surtiram o efeito esperado.

No fim de semana, vários senadores demonstraram estar surpresos com a repercussão da crise em suas bases eleitorais e começaram a pressionar Sarney. Já há consenso de que não há mais como segurar o diretor-geral Alexandre Gazineo. Além disso, cresceu a pressão para o afastamento do ex-diretor Agaciel Maia. Sarney quer esperar o retorno do 1 secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), esta semana, para discutir medidas.

Veja também
  • Ato secreto "infiltra" assessor no Conselho de Ética
  • Juiz que abriu arquivos da Abin pode ser removido
  • Renan Calheiros volta ao topo do poder
  • Mordomo de Roseana Sarney é pago pelo Senado
  • Sarney dá uma semana para comissão apurar denúncias no Senado
  • Cristovam diz que não sabia das medidas anunciadas por Sarney nesta sexta
  • Senado divulga nome de servidores que vão apurar denúncias sobre atos secretos
  • Atos secretos: comissão terá 7 dias para investigações