Balanço divulgado pela Infraero, a estatal que administra os aeroportos, aponta que quase um terço dos vôos programados entre a 0h e as 8h desta quinta-feira (21) tiveram atrasos de mais de uma hora.
Segundo a empresa estatal, dos 400 vôos programados neste período, 116 partiram fora do horário - o equivalente a 29%. Outros 45 foram cancelados (11,2%).
Nova criseÉ o terceiro dia consecutivo de problemas nos terminais brasileiros. O mais recente capítulo da crise aérea no Brasil começou na tarde de terça-feira (19), quando os controladores de vôo do centro de controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1, realizaram uma operação-padrão. A medida provocou atrasos em diversos aeroportos do país.
O protesto dos operadores seria uma reação à decisão da Aeronáutica de prorrogar o prazo de conclusão do inquérito militar que apura o motim no Cindacta-1 no dia 30 de março. Na ocasião, os pousos e decolagens foram suspensos em todos os aeroportos do país. As operações só foram retomadas depois de uma tensa negociação entre os controladores e o governo.
Por causa do protesto dos operadores, na terça-feira, por volta das 19h30, haviam sido cancelados 81 vôos em todo Brasil, o que representa 6% do previsto. Outras 213 operações atrasaram - o que corresponde a 13,4% dos vôos programados.
Na tarde de quarta, ocorreu um novo problema no Cindacta-1. Uma pane nas freqüências interrompeu as decolagens no aeroporto de Brasília. As partidas para o Norte e Nordeste ficaram suspensas por meia hora. Para o Sul e Sudeste, a suspensão durou uma hora e 15 minutos. A paralisação na Capital federal repercutiu em aeroportos de todo o país.
Segundo balanço da Infraero, um quarto dos vôos programados entre a 0h e as 18h30 de quarta tiveram atraso de mais de uma hora. Dos 1484 vôos previstos, 373 sofreram atrasos (25,1% do total). Ointenta e cinco vôos foram cancelados (5,7%).
O caos aéreo não poupou nem mesmo os jogadores da seleção de futebol, que embarcaram na madrugada desta quinta-feira rumo à Venezuela, onde será realizada na próxima semana a Copa América. O vôo, com destino a Caracas, previsto para partir às 21h30 de quarta do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, decolou com quase quatro horas de atraso. DesentendimentoOs deputados da CPI do Apagão Aéreo foram até o centro de controle aéreo de Brasília na quarta-feira e saíram do local com a mesma opinião: a crise nos aeroportos é conseqüência, principalmente, da falta de confiança entre controladores e o comando da Aeronáutica. "Houve uma ruptura. Os controladores não confiam mais nos superiores, e os superiores não têm mais diálogo, porque a hierarquia foi quebrada. Todos estão à beira de um ataque de nervos", disse o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
E a tensão deve aumentar. A Aeronáutica determinou, na noite de quarta, a prisão administrativa do sargento Carlos Henrique Trifilio Moreira da Silva, presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta). O militar, que deve cumprir 24 dias de prisão, trabalha há 20 anos no controle aéreo.
Silva foi penalizado por ter dado entrevista à revista "Universo Masculino" e ter seu nome citado em reportagem da revista "Veja". Nos principais trechos da reportagem, a revista credita a ele o aviso de que "o caos voltará porque os controladores vão parar de novo". Coincidentemente, o tráfego aéreo entrou em colapso e voltou a atrasar a vida dos passageiros por dois dias consecutivos esta semana.
O advogado do presidente da Febracta, Tadeu Correa, afirmou que irá entrar, até o fim desta semana, com mandado de segurança na auditoria da Justiça Militar de São Paulo para evitar a detenção.
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