A audiência para ouvir testemunhas da Operação Zelotes sobre suposta “compra” de medidas provisórias no governo federal terminou em bate-boca entre a defesa e a acusação dos réus nesta sexta-feira (22). Após a sessão ser suspensa, houve discussão entre o procurador José Alfredo de Paula, da força-tarefa que conduz a investigação, e o advogado Roberto Podval, defensor do lobista Mauro Marcondes Machado e da mulher dele, Cristina Mautoni.
No fim da audiência, logo após trocar algumas palavras com Mauro Marcondes, o procurador disse ao advogado: “Fui falar com o seu cliente, mas não o estava ameaçando”.
A declaração fez referência a denúncia feita por Podval, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, de que um dos investigadores da Polícia Federal na Zelotes visitou o lobista na cadeia e o chantageou para que fizesse delação premiada.
Caso contrário, conforme o defensor, seria feito pedido de transferência de Cristina Mautoni da prisão domiciliar para o regime fechado.
Dias depois da visita, houve o pedido de transferência e a Justiça o aceitou. A PF nega, no entanto, que tenha ocorrido pressão sobre o réu.
Na audiência, Podval reagiu ao procurador: “Achou que era brincadeira aquilo? Vai brincar? Eu não brinquei. Não sou palhaço, não”. O procurador não respondeu mais.
As audiências para ouvir os réus serão retomadas na segunda-feira (25). Marcada inicialmente para as 9h, a audiência foi cancelada porque um dos réus, o ex-diretor de comunicação do Senado Fernando César Mesquita, não foi intimado pela Justiça a tempo e por isso o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira decidiu transferir todos os depoimentos.
Cristina Mautoni, que se recuperava de uma cirurgia nas pernas quando estava em prisão domiciliar, compareceu numa cadeira de rodas. O laudo que embasou sua transferência para o regime fechado, contudo, atestou que ela tem condições de saúde para estar numa unidade prisional.
Além de vários advogados e de 14 dos 15 réus, compareceu à sessão o ex-deputado João Paulo Cunha, do PT paulista, condenado no processo do mensalão. Ele disse que trabalha como consultor para a defesa do réu Francisco Mirto.
A Zelotes investiga corrupção e irregularidades no Carf, conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga recursos protocolados contra multas aplicadas pela Receita Federal.
Os presos pela operação foram trazidos pela PF da penitenciária da Papuda, em Brasília, para acompanhamento da audiência, entre os quais os lobistas Mauro Marcondes e Alexandre Paes dos Santos.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
“Esmeralda Bahia” será extraditada dos EUA ao Brasil após 9 anos de disputa