O tráfico internacional de mulheres se tornou um crime cada vez mais comum nas apurações da polícia brasileira. Só em 2005, a Polícia Federal abriu 119 inquéritos para investigar o tráfico de brasileiras para Portugal e Espanha, entre outros países. O número é três vezes maior do que as 42 investigações sobre o assunto iniciadas em 2002, informa a edição deste domingo de O Globo.
Não existem informações seguras sobre os valores envolvidos nas transações com brasileiras. Mas pesquisadores da Organização das Nações Unidas (ONU) acreditam que as redes de prostituição podem faturar até US$ 30 mil com cada mulher traficada.
- Depois do narcotráfico e do contrabando de armas, o tráfico de mulheres é o negócio ilegal de maior lucratividade no mundo - afirma Marina Oliveria, gerante de Projetos da Secretaria Nacional de Justiça.
- No contexto do tráfico internacional, o Brasil é um dos grandes exportadores de mulheres para os mercados da prostituição na Europa. As apurações sobre esse comércio estão aumentando significativamente nos últimos anos - afirmou o delegado Felipe Tavares, chefe da Divisão de Direitos Humanos da PF.
De 2000 a 2005, a PF abriu 372 inquéritos sobre vende de brasileiras para Portugal, Espanha, Suíça e até para países com renda per capita mais baixa que o Brasil, como o Suriname. A partir de alguns desses inquéritos, a PF, em parceria com o Ministério Público, promoveu 16 grandes operações e prendeu 125 aliciadores de mulheres, entre eles estrangeiros donos de boates, proprietários de hotéis, agentes de viagens e taxistas, acusados de integrar quadrilhas de tráfico internacional de mulheres.Espanha é a principal rota do crime
As brasileiras dominam o mercado do sexo na Espanha, e a imensa maiorida delas é vítima de máfias organizadas que traficam mulheres para a exploração sexual. As espanholas perderam espaço: 90% das prostitutas são estrangeiras, segundo a polícia, das quais 60% são latino-americanas, destacando-se, com 40%, as brasileiras.
E há demanda no exterior. E para atendê-la, a máfia começa a tuar na cidade de origem da mulher, na pele de uma amiga, prima ou vizinha que a anima a cruzar o Atlântico "para ganhar muito dinheiro". Essas mulheres têm entre 20 e 30 anos, pouca escolaridade e não vêem perspectivas de melhorar de vida com o salário que ganham (muitas não exerciam a prostituição antes e trabalhavam como cabeleireira ou vendedora). Embora muitas tenham ciência de que serão prostitutas, nenhuma delas sabe as condições que as esperam.
- As brasileiras são vendidas de cafetão em cafetão, rodam de bordel em bordel por toda a Espanha, perdendo noção geográfica e de tempo. Clientes e donos dos clubes incitam o uso de drogas. Quando elas decidem denunciar, exigimos que, para morar em nossas casas de acolhida, passem por um processo de desintoxicação. Muitas delas nem sabiam que estavam viciadas - diz Rocío Mora, coordenadora da Associação para a Prevenção, Reinserção e Atenção da Mulher Prostituída (Apramp).Só este ano, 16 mulheres cearenses enviadas para o exterior
O escritório de Tráfico de Seres Humanos (TSH) do Ceará, vinculado ao Ministério da Justiça e único no Brasil, calcula que só nos dois primeiros meses desde ano 16 mulheres cearenses tenham sido levadas ao exterior para exploração sexual comercial. Depois de São Paulo e Rio, Fortaleza é uma das principais portas de saída de garotas agenciadas por quadrilhas internacionais para se prostituírem em países europeus.
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