Investigação
Homem que teria levado vereadora a cativeiro depõe
Angieli Maros e Derek Kubaski, especial para a Gazeta do Povo
Reginaldo da Silva Nascimento, o rapaz quer teria levado a vereadora Ana Maria de Holleben (PT) até o suposto cativeiro (ainda desconhecido), apresentou-se na tarde de ontem à Polícia Civil de Ponta Grossa e prestou depoimento.
Reginaldo, que é primo de Idalécio Valverde da Silva e Adauto Valverde da Silva, também envolvidos no caso do suposto sequestro forjado pela vereadora, estava foragido desde o início das investigações.
Na última segunda-feira, três envolvidos no caso da vereadora de Ponta Grossa foram soltos pela Polícia Civil. Idalécio Valverde da Silva (motorista de Ana Maria); sua esposa, Susicléia Valverde da Silva; e seu irmão, Adauto Valverde da Silva, estavam presos, desde a última quarta-feira e foram liberados porque acabaram os prazos de suas prisões temporárias.
A vereadora Ana Maria foi a única envolvida que teve a prisão temporária convertida em preventiva (sem prazo definido), o que a obriga a permanecer presa numa cela especial do Corpo de Bombeiros.
Mais de uma semana depois de ter sumido durante o dia de sua posse, a vereadora Ana Maria Branco de Holleben (PT), de Ponta Grossa, continua sem se pronunciar sobre o seu suposto sequestro. Acusada de forjar o crime, a vereadora, que está presa, não deu depoimento e nem se explicou sobre o assunto. Parentes e conhecidos dizem não entender o que aconteceu: Ana Maria é vista na cidade como uma pessoa centrada e que não teria um histórico que justificasse o "autossequestro".
Rosélia de Lourdes Ribeiro, secretária do PT, diz que a vereadora sempre demonstrou ser muito equilibrada nas atitudes. "É uma pessoa muito organizada, muito equilibrada, tem uma história muito bonita dentro dos movimentos populares. Foi um susto. Não há nada que indicasse que fosse dar no que deu. Estamos ansiosos esperando o depoimento dela. Não é possível aceitar uma situação dessas", afirma.
Primo da vereadora, o deputado estadual Péricles de Mello (PT) diz que ainda acredita que o sequestro pode ter acontecido. "Eu acho que a Ana Maria foi mantida em cárcere privado em algum momento. Eu acredito que a intenção dela não era fazer um autossequestro. Acho que ela foi pressionada por pessoas íntimas. Mas é suposição minha", diz.
A versão de que o sequestro teria sido forjado partiu da Polícia Civil, que ouviu a confissão de um assessor da vereadora. Ana Maria foi presa, assim como três pessoas ligadas ao caso. Ela continua no quartel do Corpo de Bombeiros, mas os outros três foram soltos.
Perfil
Ana Maria entrou na Câmara de Ponta Grossa há oito anos, mas está na vida política há duas décadas. Em 1993, a professora se tornou presidente municipal do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP Sindicato). Na gestão de Péricles como prefeito (2001-2004), ela foi secretária da Cultura. Em 2005, foi eleita vereadora pela primeira vez.
Na Câmara, a vereadora adotou algumas frentes, como a defesa das mulheres, principalmente das donas de casa. Além disso, Péricles ressalta a participação da prima nas periferias de Ponta Grossa. "Ela teve um trabalho muito forte na luta das mulheres, no esporte, na cultura. Ela criou uma orquestra de violeiros e o projeto de esporte e cultura levou capoeira, música, dança e artes marciais para bairros da cidade, como no Parque Auto Estrada e no Jardim Castanheira", comenta.
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