No pronunciamento em rede nacional de rádio e tevê que abre a propaganda da Justiça Eleitoral para as eleições deste ano, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, recomendou aos eleitores que votem em candidatos que tenham o passado limpo.
Defensor da tese derrotada no TSE de que candidatos com processos na Justiça devem ser proibidos de se candidatar, Britto advertiu que os eleitores devem buscar o máximo de informações sobre a vida dos políticos antes de decidir em quem votar.
"Votar com todo o entusiasmo, toda alegria, toda liberdade, toda atenção, dando um chega pra lá nos compradores de votos e buscando o máximo de informação quanto ao candidato mais democrático. Mais democrático e de vida moralmente limpa, além de comprovadamente capaz de conduzir os destinos do seu município, isso porque o futuro do seu município, eleitor, será o seu próprio futuro", afirmou no pronunciamento.
Nas peças que serão veiculadas nas rádios, a recomendação é reforçada. "Antes de votar, pesquise o passado dos candidatos da próxima eleição, porque o desinteresse dos eleitores facilita a corrupção e a eleição dos maus políticos", diz um locutor.
No TSE, Britto ficou vencido no julgamento sobre a possibilidade de o juiz eleitoral negar registro a candidatos com a ficha suja na Justiça. No Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento marcado para a próxima quarta-feira, Britto ficará novamente entre os vencidos. Os ministros julgarão uma ação da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) que visa impedir que políticos que respondem a processos na Justiça se candidatem. Dentre os ministros, a aposta é de que a tese será derrubada com facilidade.
No TSE, Britto tentou ainda viabilizar a publicação na internet de informações que permitissem ao eleitor identificar aqueles candidatos com problemas judiciais. A assessoria do tribunal encontrou dificuldades técnicas e os dados não foram disponibilizados.
Coube à AMB publicar em seu site uma lista com o nome dos candidatos que respondem a processos na Justiça. Nesta semana, a publicação da lista obrigou a AMB a dar explicações. O nome do prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM-SP), ficou de fora do documento, mesmo sendo réu numa ação por improbidade administrativa.
A confusão reforça o argumento de alguns ministros contrários à formulação de listas, a começar do presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, que já se disse contra a publicação de levantamentos desse tipo. "Eu tenho horror a populismo e muito mais a populismo de índole judicial. Então, eu não me animo a ficar fazendo esse tipo de lista porque eu tenho medo de cometer graves injustiças", afirmou no início do mês.
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