Repercussão
Aécio sai em defesa de tucano, mas não endossa comparação
Folhapress
O pré-candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves (MG), saiu ontem em defesa do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), acusado de participar do chamado mensalão tucano. Ele evitou, no entanto, endossar a estratégia do colega de comparar sua situação à do ex-presidente Lula no mensalão do PT.
"Azeredo é conhecido e reconhecido em Minas Gerais como um homem de bem. Ele vai ser julgado, e nós do PSDB vamos respeitar a decisão do STF. Obviamente, vamos esperar que ele possa se defender", disse Aécio, em visita à sede da ONG Afroreggae, no Rio.
Ele desconversou quando questionado sobre entrevista em que Azeredo comparou sua situação à do ex-presidente Lula: "Eu não li essa matéria".
Diferentemente de Azeredo, Lula, que era o chefe do Executivo quando estourou o escândalo do mensalão petista, não foi denunciado. Dois ex-presidentes do PT, José Dirceu e José Genoino, foram condenados e presos.
Processo Extinto
A Justiça de Minas Gerais extinguiu uma ação de improbidade administrativa contra o senador Aécio Neves por supostamente ter investido menos do que o previsto em lei na área da saúde quando governou o estado. A defesa de Aécio Neves argumentou que somente o chefe do Ministério Público estadual tem competência para processar um governador. O tribunal aceitou o recurso dos dois e determinou que fosse ouvido o procurador-geral de Justiça de Minas, Carlos Bittencourt.
O ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB) disse ser tão inocente em relação ao caso do mensalão tucano quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era em relação ao mensalão do PT. Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação de Azeredo a 22 anos de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Em entrevista publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo, Azeredo disse que sua situação é similar à de Lula e que ele não pode ser responsabilizado por desvios de recursos em empresas estatais. As irregularidades investigadas teriam ocorrido quando o tucano tentava sua reeleição como governador de Minas Gerais.
"Minha situação é semelhante à do Lula. Ele foi presidente e houve problema no Banco do Brasil. Corretamente, não foi responsabilizado", disse Azeredo ao jornal. "Eu também não posso ser responsabilizado." O tucano é suspeito de ter autorizado o desvio de R$ 3,5 milhões do Banco do Estados de Minas Gerais (Bemge), que é estatal, e de duas empresas públicas. O objetivo seria financiar sua campanha à reeleição em 1998.
Ontem, tucanos de Minas Gerais evitaram fazer defesa aberta de Azeredo. O ex-ministro Pimenta da Veiga, candidato do PSDB ao governo de Minas, ficou irritado com perguntas de jornalistas sobre o caso e disse que a participação de Azeredo em sua campanha eleitoral dependerá do desfecho do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Vou aguardar o julgamento do Supremo Tribunal Federal", disse, quando perguntado se quer dividir palanque com Azeredo. O tucano comparou a dimensão dos mensalões de PT e PSDB. Segundo ele, em Minas houve apenas discussão sobre o financiamento da campanha. "O mensalão do PT foi uma coisa espetacular, que tomou conta do país. Hoje, há vários petistas punidos pelo Supremo", afirmou. "No caso da discussão que há de algumas contas de campanha do ex-governador Azeredo, houve também um parecer espetacular do procurador-geral, que recebemos com surpresa. Aqui em Minas, houve discussão sobre o financiamento à reeleição do governador Azeredo." O deputado tucano Marcos Pestana, que acompanha Pimenta da Veiga, se esquivou de falar de Azeredo. "Não vamos cair em confrontação com o Supremo. Esse assunto está na ordem do Judiciário. Vamos aguardar", disse.
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