Depois de fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, deu informações que podem complicar a situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro desviado da Petrobras. Num dos depoimentos da delação, Baiano, operador do PMDB, confirmou o repasse de propina a Cunha, que é acusado de receber US$ 5 milhões para facilitar a compra pela Petrobras de dois navios-sonda da Samsung Heavy Industries.
Segundo uma fonte ligada à Operação Lava Jato, Baiano “confirmou todas as acusações” feitas a Cunha por outros dois delatores: Júlio Camargo, lobista da Samsung, e o doleiro Alberto Youssef. Em delação premiada, Camargo disse que pagou, ao todo, US$ 40 milhões a Cunha, ao próprio Baiano e ao ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró pela intermediação da compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitoria 10.000 – um negócio de US$ 1,2 bilhão.
Camargo disse ainda que, quando atrasou o pagamento dos US$ 10 milhões restantes da propina, foi duramente pressionado por Cunha para quitar imediatamente o débito. O deputado é acusado também de usar requerimentos de informação de comissão da Câmara para forçar o lobista a pagar integralmente o suborno. Um dos principais delatores da Lava-Jato, Youssef contou que, a pedido de Camargo, ajudou a repassar para Fernando Baiano parte da propina que teria como destinatário final o presidente da Câmara.
Cunha voltou a negar a acusação. “Eu nem sei [sobre a delação], não tomei conhecimento e sequer vou tomar. (...) Não vou ficar comentando delação”, disse.
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