Apontado com operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, sinalizou ao Ministério Público Federal (MPF) que pode entregar informações sobre a suposta participação de três caciques do partido no esquema da Lava Jato. Ele teria citado os nomes do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (RN). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Baiano ainda teria adiantado que tem como fornecer mais elementos sobre o papel de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da estatal.
Embora não tenha detalhado a atuação do trio peemedebista ou de Cerveró, o lobista afirmou que pode contribuir com informações novas. Essa é a condição imposta pelos investigadores para fechar o acordo, que garantiria a ele penas atenuadas.
As conversas com Baiano começaram há cerca de um mês, em Curitiba, onde o lobista está preso numa cela da Superintendência da Polícia Federal desde novembro de 2014. Só na última semana, ele teve dois encontros com os procuradores.
Apesar de não ter assinado os termos da delação, o que deve ser feito na próxima semana, o acordo está praticamente fechado, segundo fontes ligadas à Policia Federal e à defesa do lobista.
Os maiores entraves aconteceram devido ao tempo de prisão. A defesa queria que, com a colaboração, Baiano saísse imediatamente da cadeia, mas a Procuradoria não cedeu. O mais provável é que ele saia apenas em novembro.
Baiano também tentou a negociar morar fora do Brasil, já que sua mulher tem cidadania americana. O argumento do operador era que gostaria de reconstruir a vida no exterior com a família. Novamente o MPF vetou o pedido.
Outro lado
Cunha, Renan e Cerveró já são alvo da Lava Jato. Cunha foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada por corrupção e lavagem de dinheiro. Cerveró já foi condenado pelos mesmos crimes. Já Renan é alvo de inquérito em curso no STF.
Procurados, Renan e Henrique Alves informaram que não iriam se pronunciar. O advogado de Eduardo Cunha não retornou os contatos feitos pela reportagem. A assessoria do PMBD afirmou que jamais autorizou quem quer que seja a se apresentar como operador da legenda.
Já Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró, disse que informações colhidas em delações premiadas de suspeitos presos em Curitiba não têm qualquer credibilidade. De acordo com ele, esses personagens sofrem terror psicológico e só aceitam falar para se verem livres da carceragem da PF.