Kakay: “Dois homens divergirem sobre a Lava Jato não é crime. Eu mesmo sou crítico dos excessos dessa operação “.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR), disse nesta terça-feira (7) que preferia não acreditar que houve os pedidos de prisão dos peemedebistas. Segundo ele, as gravações a que teve acesso não implicam em nenhuma tentativa de barrar a Operação Lava Jato. “Quem vai decidir é o STF [Supremo Tribunal Federal]. Quero ver o fundamento do pedido. Mas, pelo que saiu na imprensa, nada justifica medida tão drástica e espero que o STF não determine uma medida como esta [prisão]”, afirmou.

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Kakay classificou o atual momento de “dramático”, destacando que as opiniões emitidas sobre a Lava Jato vem sendo interpretadas como tentativa de obstrução da operação policial. “Dois homens divergirem sobre a Lava Jato não é crime. Eu mesmo sou crítico dos excessos dessa operação e repito, não vi nessas conversas [gravadas] qualquer tentativa de interferência. Hoje tudo passou a ser tentativa de interferência.” E continuou com as críticas: “Depois da Lava Jato, prisão preventiva virou regra. Essa banalização da prisão me assusta, enquanto advogado e enquanto cidadão.”

Para Kakay, a delação premiada é um instituto importante para se combater o crime organizado, contudo, ele avalia que este instrumento está sendo “desvirtuado” na atual conjuntura. “A palavra do delator passa a ser vista como verdade”, disse, numa referência às gravações e aos depoimentos feitos pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que afirma ter distribuído R$ 70 milhões em propina para Renan, Jucá e Sarney. “Todos meus clientes negaram peremptoriamente esses recursos e dizem que não sabem do tal fundo gerido pelo filho do Sérgio Machado [Expedito, responsável pela gestão de um fundo que seria abastecido com dinheiro de propina em Londres]”.

”Absurdo”

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) criticou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha pedido sua prisão ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota, o senador disse “lamentar” que ocorra “vazamento seletivo” de informações. “Venho sendo acusado e agredido e não tenho o conhecimento do material a que tenho direito de ter acesso para me defender. Lamento esse tipo de vazamento seletivo que expõe as pessoas sem nenhum tipo de contraditório”, escreveu Jucá.

O senador considerou o pedido de prisão “absurdo” e afirmou que já se colocou à disposição para prestar esclarecimentos sobre os diálogos entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Jucá disse que foi “vítima” da gravação de Machado, mas que pediu afastamento do Ministério do Planejamento no mesmo dia e solicitou à Procuradoria Geral da República (PGR) a cópia da delação de Machado para que pudesse se defender. O senador critica o fato de não ter tido acesso aos documentos.

O senador alega ainda que não atuou em nenhum momento no sentido de confundir as investigações, em referência às atividades da Operação Lava Jato. Ele informou que, diferentemente do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ele defende que investigados presos possam fazer delação premiada e também defende a prisão com julgamento em segunda instância, caso a Justiça entenda que seja necessária.

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Influenciar voto

Em nota divulgada no início da tarde desta terça-feira (7) por sua assessoria de imprensa, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não quis contestar as razões que levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir sua prisão, mas disse que viu a medida com estranheza. Em um breve comunicado, Cunha diz que o pedido visa constranger os membros do Conselho de Ética para forçá-los a votar pela sua cassação. “Não tomei ciência do conteúdo do pedido do Procurador Geral da República, por isso não posso contestar as motivações. Mas vejo com estranheza esse absurdo pedido, e divulgado no momento da votação no Conselho de Ética, visando a constranger parlamentares que defendem a minha absolvição e buscando influenciar no seu resultado”, diz a nota.

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