Brasília - As emendas de bancada dos deputados federais e senadores do Paraná têm sido proporcionalmente as menos atendidas entre as apresentadas pelos parlamentares dos sete estados das regiões Sul e Sudeste aos orçamentos da União de 2009 e 2010. Os paranaenses perdem para todos os vizinhos na relação entre recursos empenhados (reservados no orçamento para o pagamento de obras) e tamanho da representação no Legislativo. Os dados ressaltam falhas de articulação entre os congressistas e os governos estadual e federal.
No ano passado, as propostas coletivas da bancada do Paraná foram as que tiveram menor volume de autorização (valor fixado como teto para os empreendimentos sugeridos) e de empenho na comparação com Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Entre os R$ 91,2 milhões autorizados para o estado, apenas R$ 23,2 milhões foram empenhados. As quantias foram, respectivamente, 79% e 93% inferiores às previstas para o Rio Grande do Sul (R$ 444,2 milhões e R$ 350,2 milhões).
Em outros termos, para cada R$ 1 reservado no orçamento da União em emendas coletivas para os paranaenses, houve R$ 15 para os gaúchos. O tamanho da representação legislativa dos dois estados em Brasília, no entanto, é praticamente igual. São 34 congressistas gaúchos (31 deputados e 3 senadores) e 33 paranaenses (30 deputados e 3 senadores).
O estado também perdeu em valores absolutos para bancadas bem menores. A capixaba, que tem um terço dos deputados do Paraná, conseguiu mais que o dobro de empenhos em 2009 R$ 47,6 milhões. Já a catarinense, com 16 deputados, teve R$ 23,3 milhões R$ 84 mil a mais que a paranaense.
Em 2010, a situação continua desigual, mas foi amenizada. Dados do Sistema de Administração Financeira da União (Siafi) atualizados no último dia 24 mostram que o volume de emendas de bancada do estado empenhadas neste ano já é de R$ 47,6 milhões. Ainda assim, a quantia só é maior do que a prevista para o Espírito Santo (R$ 23,5 milhões).
O Paraná permanece em último lugar quando é feita a comparação proporcional entre o total de empenhos e o número de parlamentares por estados. Até agora, são R$ 1,44 milhão empenhado por congressista do Paraná contra R$ 11,44 milhões por representante mineiro. A penúltima bancada na relação é a paulista, com R$ 1,59 milhão empenhado por deputado ou senador.
Deficiências
Além de ter a sexta maior representação no Congresso Nacional entre as 27 unidades da federação, o Paraná também é o quinto maior colégio eleitoral do país e tem o quinto maior Produto Interno Bruto. Para o coordenador da bancada, deputado Alex Canziani (PTB), apesar de esses números serem favoráveis, o que tem prejudicado o estado é a falta de interlocução com o governo do estado. "Precisamos que alguém que lidere o processo de negociação com o Executivo federal. E o ideal é que quem faça isso seja o governador", diz.
Segundo ele, o ex-governador Roberto Requião (PMDB) nunca se dispôs a fazer um trabalho em conjunto com os parlamentares para facilitar a liberação das emendas. "Deveria ser algo normal, corriqueiro. Nessa semana mesmo eu vi os governadores do Ceará e do Amazonas fazendo reuniões com suas bancadas na Câmara para definir as emendas de 2011."
Canziani afirma que o panorama melhorou quando Orlando Pessuti (PMDB) assumiu o governo, em abril. Pessuti vai se reunir com a bancada na terça-feira para discutir a execução das emendas previstas para 2010. Também vão participar do encontro os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
"É sabido por todos que havia uma deficiência na atenção dada à nossa bancada em Brasília. Mas eu estou tentando reverter. Não há viagem que eu faça à capital em que não procure os nossos parlamentares", diz Pessuti.
Em declarações recentes, Paulo Bernardo avaliou que o problema do estado na liberação de recursos é a falta de sincronia entre governador e bancada. "A mobilização tem que passar por um esforço conjunto", disse, em entrevista à Gazeta do Povo publicada há três semanas. A decisão final sobre a aplicação das verbas, porém, cabe ao Planejamento.
Segundo vice-presidente da Comissão Mista de Orçamento, o deputado federal Eduardo Sciarra (DEM) garante que as emendas de bancada dos paranaenses não têm problemas técnicos que inviabilizem a sua execução. "Temos uma série de parlamentares que atua com muita desenvoltura na definição do orçamento. O problema não é esse, é a falta de acompanhamento para que o dinheiro saia."
Por último, o Paraná pelo menos em tese não deveria ser prejudicado por questões políticas. Dos 33 congressistas do estado, 21 são da base de apoio ao presidente Lula. Além disso, nos últimos oito anos Requião e Pessuti sempre foram alinhados ao Palácio do Planalto, ao contrário dos governadores de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.
Interatividade:
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