Acompanhando a postura adotada pelo DEM nesta terça-feira (30), o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), anunciou a decisão da bancada de pedir oficialmente o afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
"O PSDB considera inviável a permanência do presidente Sarney no comando da Casa. Por isso o partido pede o seu licenciamento", afirmou Virgílio, da tribuna.
Virgílio relatou que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), conversou com Sarney na tarde desta terça. Segundo Virgílio, Guerra pediu a Sarney que se licenciasse da Casa durante o período das investigações. Sarney teria recusado o afastamento.
"Esta central de chantagem e intrigas que foi instalada no Senado precisa ser desmontada. Por isso o PSDB pede ao presidente Sarney, num gesto de grandeza, que se licencie da Casa. Pedimos o licenciamento. Não ainda a renúncia", discursou Virgílio.
Nesta segunda, Virgílio anunciou que havia pedido ao Conselho de Ética do Senado que investigasse Sarney por quebra de decoro parlamentar. Ele disse que esperava que seu partido apoiasse sua decisão.
Enfrentando forte pressão para se licenciar do cargo, Sarney chegou na Casa no final da tarde cercado por seguranças e sem dar declarações.
Entenda os escândalos que atingem o Senado desde 2007
No momento em que Sarney chegou ao Senado, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), discutiam o futuro do presidente.
Além da decisão do DEM de apoiar a saída de Sarney, ainda que temporária, o PMDB também se reuniu na tarde desta terça para definir uma posição sobre o caso. Segundo Renan Calheiros, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) vai usar a tribuna para anunciar as medidas que serão adotadas pela bancada.
Já o PT, que marcou reunião para as 19h, ainda não definiu uma posição sobre o caso. Líderes do partido como a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) já usaram a tribuna para defender individualmente Sarney. Mas a posição da bancada ainda será discutida.
O senador Tião Viana (PT-AC) acredita que a disputa entre os petistas favoráveis e contrários ao licenciamento de Sarney será apertada. "A bancada está dividida. Vai ser difícil", avalia Viana.
Crise
Nos últimos dias o senador Sarney foi alvo de várias denúncias. Entre as acusações estão o fato de ter uma sobrinha trabalhando no gabinete do senador Delcidio Amaral (PT-MS), ter um neto no gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e que foi exonerado por boletim suplementar e um outro neto que opera empresa de crédito consignado no Senado.
Os escândalos no Senado envolvem ainda a publicação de 663 atos secretos, para a nomeação de funcionários, aumento de salários e criação de comissões, além de suspeitas de irregularidades em contratos milionários de serviços com empresas.
O caso já provocou a queda de dois diretores gerais (Agaciel Maia e Alexandre Gazineo) e de dois diretores de Recursos Humanos (José Carlos Zoghbi e Ralph Siqueira).
Para tentar amenizar a crise, Sarney anunciou auditoria na folha de pagamento do Senado e investigação da Polícia Federal sobre as denúncias de fraudes. Apesar disso, senadores continuaram insistindo pelo seu afastamento do cargo.
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