A Frente Parlamentar Evangélica da Câmara dos Deputados projeta um crescimento de 30% nas eleições do ano que vem. Espera passar dos atuais 73 parlamentares para até 95 ocupando algo em torno de 18% das 513 cadeiras disponíveis. Especialistas não acham difícil que isso ocorra, pois o grupo nunca teve tanta força.
"A presença dos evangélicos nunca foi tão grande. O debate [pautado pelo grupo] cresceu em eleições e no Legislativo", afirma a cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Maria do Socorro Sousa Braga.
Os evangélicos representam atualmente 22% de toda a população brasileira, segundo o IBGE. Seu voto é marcado pela fidelidade a líderes religiosos. "Há um confronto [dos evangélicos] em relação às questões morais e novos posicionamentos [de grupos LGBT]. Nesse debate os evangélicos são reforçados por integrantes de outras religiões também. Vários representantes católicos passam a apoiar as teses desses parlamentares", diz Maria do Socorro.
A professora da UFSCar lembra que, no caso dos candidatos à Presidência, sempre há uma tentativa de aproximação estratégica com os grupos religiosos. Ela diz que tal aproximação, porém, tem de ser feita de forma moderada a fim de não causar rejeição de outros eleitores.
Pautas
Além de questões como o aborto e o casamento gay, os representantes dos evangélicos no Congresso tem outras áreas de interesse, como a de concessões de rádio e tevê. Há ainda projetos específicos caros ao setor. Um deles é o que dá poder às igrejas para contestar leis por meio de recursos ao Supremo Tribunal Federal. O texto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e aguarda agora o crivo de mais uma comissão antes de ir a plenário.
O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), afirma que a atuação cada vez maior dos evangélicos no campo da política vai ajudar a impulsionar a expansão da bancada.
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que ficou conhecido após comandar durante este ano a Comissão de Direitos Humanos na Câmara, se coloca como um dos responsáveis pelo eventual crescimento do número de deputados ligados a religiões no ano que vem. "A minha participação na Comissão despertou católicos, evangélicos e espíritas", afirma Feliciano, segundo quem já há uma forte procura de outros políticos para que ele apareça em parcerias em santinhos no ano que vem.
Feliciano protagonizou, na presidência da Comissão de Direitos Humanos, uma série de polêmicas foi alvo de protestos constantes e conseguiu aprovar no colegiado até projetos tidos como homofóbicos.
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