Um informe distribuído pelo banco Santander nos extratos de julho para clientes de renda acima de R$ 10 mil mensais apontava para o risco de deterioração da economia, com queda da bolsa, alta de juros e desvalorização cambial, caso a presidente Dilma Rousseff se estabilizasse na liderança das pesquisas de intenção de voto. O comunicado incomodou integrantes da campanha à reeleição e levou a instituição financeira a se retratar publicamente.
No mercado financeiro, tem sido comum entre os analistas do setor financeiro a previsão de um cenário pessimista para a economia caso a presidente seja reeleita, mas é a primeira vez que um banco expõe essa avaliação a seus clientes. A cada divulgação de pesquisa eleitoral, as reações nos mercados tendem a ser inversas às intenções de voto da presidente: quando Dilma sobe, os índices como o da Bovespa tendem a cair, e vice-versa.
"Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir", diz o texto revelado ontem pelo portal UOL e enviado a clientes da categoria Select (0,18% da carteira, segundo o banco). "O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Bovespa cairia (...) Esse último cenário estaria mais de acordo com a deterioração de nossos fundamentos macroeconômicos."
O Santander pediu desculpas públicas, mas parte dos gerentes nas agências Select mantinha ontem a análise de piora no cenário econômico em caso de reeleição do governo. Um deles, ao conversar com a reportagem como se estivesse falando com uma cliente -- e por esse motivo, não será identificado -- corroborou o teor do informe incluído nos extratos, mas ressalvou que o banco não pode declarar voto ou se manifestar por esse ou aquele partido.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem que a iniciativa do Santander de apresentar desculpas formais não apaga o incidente. "O que aconteceu é proibido, porque você não pode fazer manifestações que por qualquer razão interfiram na decisão do voto. E aquele tipo de afirmação pode sim interferir na decisão do voto", declarou Falcão.
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