Calendário
Escolha para todos os cargos deveria acontecer no mesmo ano
O eleitor é favorável a unificar o calendário eleitoral, com eleições para todos os cargos (vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente) realizadas simultaneamente, de quatro em quatro anos. O levantamento da Paraná Pesquisas sobre as propostas de reforma política mostra que 60% dos entrevistados são a favor de que as eleições ocorram ao mesmo tempo. Só 35% afirmaram ser contrários à ideia.
"O povo gostaria que as eleições fossem unificadas para ir votar menos. O custo diminuiria, mas as eleições seriam completamente diferentes", analisa Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisas. "O poder municipal influenciaria demais. O candidato a prefeito que estivesse na frente levaria uma enorme vantagem para o seu candidato a governador e a presidente."
Dê a sua opinião
Que tema você sugeriria para a reforma política? Leia as regras para a participação nas interatividades da Gazeta do Povo e comente no formulário abaixo. As mensagens selecionadas serão publicadas.
A população é contra o financiamento público de campanhas políticas, favorável ao voto facultativo e defende a divulgação de pesquisas no período eleitoral, ainda que diga não se influenciar pelas projeções na hora de votar. Esses e outros temas, como a reeleição e a realização de eleições a cada quatro anos, que estão sendo debatidos nas propostas de reforma política, foram alvo de um levantamento da Paraná Pesquisas. Foram ouvidos 2.502 eleitores, em 169 cidades das cinco regiões brasileiras, entre os dias 10 e 15 de setembro.
INFOGRÁFICO: Veja o que o eleitor pensa sobre os temas debatidos na proposta de reforma política
Com a inviabilidade do plebiscito proposto pela presidente Dilma Rousseff sobre reforma política após os protestos pelo país em junho, a Câmara dos Deputados decidiu instalar uma comissão para elaborar uma proposta até o início de novembro. Entre os parlamentares, a ideia é que dificilmente a proposta seja votada neste ano.
Financiamento e confusão
O financiamento público de campanhas é uma bandeira do PT e divide opiniões. A ideia é limitar a influência do poder econômico: como seriam utilizados apenas recursos públicos, grandes corporações ou empresas privadas não teriam meios para financiar candidatos ligados a seus interesses. Os contrários à proposta argumentam que não haveria como fiscalizar as doações ilegais e que haveria uma "migração" de recursos para o caixa 2 dos partidos.
Entre os ouvidos pela Paraná Pesquisas, 56% avaliam que as campanhas deveriam ser feitas apenas com "verbas privadas". Só 17% defenderam o uso exclusivo de recursos públicos. Para 6% dos entrevistados, as campanhas deveriam ser financiadas por recursos públicos e privados, mas apenas de pessoas físicas; 10% acreditam que o financiamento deveria ter recursos públicos e privados, incluindo doações de empresas. Entre os que responderam à pesquisa, 11% não souberam responder.
Para cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo, o eleitorado ainda faz confusões em relação ao financiamento das campanhas. "Muitas vezes as respostas seguem a tendência da opinião saliente ou mais aparente. O caso do financiamento é um exemplo", afirma Emerson Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo ele, as pessoas esquecem que no caso de financiamento público o risco de caixa 2 continua. "Para as eleições municipais de 2012, o gasto médio dos candidatos foi de R$ 35 por voto. O projeto de lei que defende a exclusividade de verbas públicas prevê um investimento de R$ 7 por eleitor. Essa diferença é muito grande", afirma o professor da UFPR. "Essa diferença seria provavelmente de caixa 2. Ou alguém acha que o eleitor aceitaria uma multiplicação por dez vezes no fundo partidário?"
Na avaliação de Murilo Hidalgo, diretor de Paraná Pesquisas, o que leva o eleitorado a rejeitar o financiamento público é a percepção da população de que as verbas públicas deveriam ser aplicadas em outras áreas.
Brasileiro diz não ser influenciado por resultado de pesquisa
As pesquisas de intenção de voto devem continuar sendo divulgadas, mas a maioria do eleitorado diz não se influenciar pelos resultados. Segundo a Paraná Pesquisas, 71 dos eleitores não se deixam levar pelas projeções, mas 56% defendem a divulgação dos resultados perto das eleições. E a maioria (52%) diz não confiar nos institutos de pesquisa.
"Isso mostra que o povo gosta de ver o resultado das pesquisas, que fazem parte da eleição brasileira. Ao mesmo tempo, houve uma proliferação e uma diversidade de resultados, com pesquisas feitas de qualquer jeito, o que fez com que as pesquisas caíssem em descrédito", comenta Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisas. "Isso serve para quebrar o tabu de que a pesquisa ganha eleição. Não ganha nada, em diversos casos tivemos pesquisas com resultados diferentes das urnas."
O levantamento da Paraná Pesquisas mostra ainda que a maioria do eleitorado é contrária ao voto obrigatório. Para 74% dos entrevistados, o voto deveria ser opcional; outros 25% defendem a manutenção da obrigatoriedade. Ao mesmo tempo, 66% disseram que compareceriam para votar caso o voto fosse facultativo, contra 33% que não votariam. "Acho que muita gente não votaria, o poder econômico poderia influenciar muito mais na eleição", diz Murilo Hidalgo.
Alinhamento
Para o cientista político e professor da UFPR Emerson Cervi, o resultado geral da pesquisa mostra um alinhamento com posições majoritárias na sociedade. "Boa parte coincide com as opiniões majoritárias, mais visíveis no debate público, mas não necessariamente as mais bem informadas. Com certeza, com informação, algumas impressões criadas pelo debate mais aparente seriam transformadas."