O banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Pactual, disse em depoimento à Polícia Federal que nos últimos doze meses “teve no máximo cinco encontros pessoais” com o senador Delcídio Amaral (PT-MS). “Esses encontros foram decorrentes de visitas do senador ao banco ou encontros em outros eventos”, declarou Esteves à PF. “Pelo que se recorda a última vez que esteve com o senador foi há aproximadamente trinta dias na sede do banco em São Paulo. Foi tratado nesse encontro temas da atual conjuntura econômica brasileira.”
Esteves afirmou que “pelo que se recorda desta última vez foi iniciativa do senador ir ao encontro do declarante para obter uma análise de um presidente de um banco de investimentos sobre temas atuais que estão na pauta do governo como recriação da CPMF e projeto relativo a repatriação de ativos brasileiros no exterior”.
O banqueiro, Delcídio e o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira, foram presos ontem por suspeita de envolvimento em uma trama para barrar a Lava Jato. A base da acusação contra o grupo é uma conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o senador petista ofereceu uma mesada de R$ 50 mil à família de Cerveró em troca de seu silêncio ou, se feita a colaboração, que o acordo poupasse Delcídio e o BTG. A verba seria financiada por André Esteves. “Nunca tratou com o senador Delcídio do Amaral ou com quem quer que seja sobre colaboração premiada de Nestor Cerveró”, disse André Esteves no depoimento de três páginas.
O banqueiro respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas pelo delegado da PF Fabrizio José Romano e o procurador da República Fábio Magrinelli Coimbra. O presidente do BTG Pactual foi preso no Rio. Ele consentiu por escrito aos agentes da PF que realizassem buscas em seus endereços.
Contato
O banqueiro afirmou que não conhece pessoalmente Nestor Cerveró e “nunca teve qualquer forma de contato com o mesmo”. Na conversa gravada por Bernardo Cerveró, o senador afirma que André Esteves teria em seu poder cópia do acordo de delação premiada firmado pelo ex-diretor com a Procuradoria-Geral.
“Questionado se tinha conhecimento de que Nestor Cerveró estava em tratativas para a realização de colaboração premiada no interesse das investigações da Operação Lava Jato, respondeu que tinha conhecimento apenas do que saía pela imprensa e que não tinha conhecimento de que tal colaboração poderia mencionar o banco BTG e/ou sua pessoa”, afirmou.
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