Juízes e advogados rejeitam declarações
Karlos Kohlbach e Antonio Senkovski
Representantes de entidades do Paraná que estiveram engajados na campanha pela criação dos quatro novos tribunais federais no país reagiram ontem às declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. "Faltou serenidade para o nosso presidente do Supremo. É importante que esta situação seja bem esclarecida, mas está faltando calma e serenidade por parte do Judiciário", disse o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, José Lúcio Glomb.
Ele também criticou a declaração de Barbosa de que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi feita de forma "sorrateira" e na "surdina", citando que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não se manifestou. Para Glomb, o CNJ se omitiu. "O CNJ já deveria ter se manifestado, mas se omitiu. E a sociedade se movimentou porque não aguenta mais a situação que existe."
O ex-presidente da Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe) Anderson Furlan criticou a forma com a qual o ministro Joaquim Barbosa tem tratado seus pares no Supremo, jornalistas e agora os juízes. "Como cidadão, recebo muito mal as declarações do ministro Joaquim Barbosa, porque parece uma tentativa de se desqualificar através de adjetivos pejorativos um trabalho transparente e democrático", completou.
No início da noite, os conselheiros federais da Ordem dos Advogados do Brasil divulgaram nota pública refutando e repudiando as declarações de Barbosa. "O Conselho Federal da OAB entende do seu dever refutar e repudiar tais declarações, por inexatas, impertinentes e ofensivas à valorosa classe dos advogados", diz a nota.
Num encontro tenso com representantes das três principais associações de juízes do país, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, afirmou ontem que os novos Tribunais Regionais Federais (TRFs) criados há uma semana foram aprovados de forma "sorrateira" e na "surdina".
Na reunião, Barbosa afirmou que as sedes destes TRFs serão construídas em "resorts e grandes praias".
A Câmara aprovou na semana passada uma emenda à Constituição que criará mais quatro TRFs no país um deles terá a sede no Paraná. As entidades foram favoráveis, mas Barbosa trabalhou contra a proposta alegando custos altos para o Judiciário.
Estavam no gabinete do ministro os presidentes da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo; da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra; e da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), João Bosco de Barcelos Coura, além de três outros juízes dirigentes das entidades.
O clima ficou tenso quando Barbosa disse que "foi tudo feito a base de conversas de pé de ouvido".
Ele então foi interrompido pelo vice-presidente da Ajufe, Ivanir César Ireno Júnior, que afirmou ter havido debate sobre o tema no próprio CNJ, que Barbosa preside.
"Pelo que eu vejo, vocês participaram de forma sorrateira na aprovação dos TRFs", ironizou Barbosa. "Sorrateira não, ministro. Democrática e transparente", disse Ireno Júnior.
"O senhor abaixe a voz que o senhor está na presidência do Supremo Tribunal Federal", disse Barbosa. O juiz disse que não estava gritando. "Então só me dirija a palavra quando eu lhe pedir", encerrou Barbosa.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano