Repercussão
Ministro diz que está "sofrendo" e defende petistas presos
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, prestou ontem solidariedade aos petistas presos do caso mensalão. Diferentemente do ex-presidente Lula que afirmou, em entrevista a uma rede de televisão portuguesa, que parte dos envolvidos no mensalão não eram de sua confiança, Carvalho afirmou que pessoalmente era muito próximo de José Genoíno, José Dirceu e Delúbio Soares. Os três condenados foram os únicos que tiveram seus nomes citados pelo ministro.
"Eu respeito a opinião do [ex] presidente [Lula]. Não acho que a gente do governo federal deveria voltar a esse tema. Nós estamos sofrendo dolorosamente com os companheiros que estão presos, somos solidários, respeitamos a decisão da Justiça e não nos cabe comentar neste momento", disse Carvalho.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reagiram duramente ontem à declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o julgamento do mensalão. Em entrevista à Rádio e Televisão Portuguesa exibida no fim de semana, Lula disse que a condenação de ex-dirigentes do PT foi resultado de "80% de decisão política e 20%, jurídica". Ele afirmou ainda que a história do mensalão será "reescrita".
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, repudiou as críticas com a veemência. "Lamento profundamente que um ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta corte do país", afirmou. "A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio."
Condenações técnicas
Para outros ministros do STF que participaram do julgamento, as condenações foram técnicas. "O dia que em pensarmos que o STF decide a partir de enfoque político, estaremos muito mal", afirmou o ministro Marco Aurélio Mello. "Não sei qual foi o instrumento utilizado pelo presidente para encontrar essas porcentagens. Mas ele nos deu um crédito, de 20%. Quase uma gorjeta".
O ministro Gilmar Mendes disse que a declaração foi "engraçada" e lembrou que Lula chegou a pedir desculpas aos brasileiros por causa do mensalão. "Agora, inclusive, nós temos esta conta, que também é muito singular. Julgamento político em 80%, 20% jurídico. Como ele não é da área jurídica, talvez também ele esteja adotando um outro critério", disse. "Está tudo muito engraçado".
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ressaltou que os réus tiveram amplo direito à defesa, o que descartaria um "julgamento político". "Ele [Lula] tem todo o direito de falar, todo brasileiro tem. Foi uma ação penal que se desenvolveu perante o mais alto tribunal do país, que chegou ao seu final garantida a ampla defesa e o contraditório", disse.
O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência, criticou duramente o petista e disse que ele "não honra a história de um homem que foi presidente da República". "É lamentável vermos um ex-presidente da República fazer afirmações que depõem contra o poder Judiciário", comentou. "Essa declaração não engrandece o currículo do ex-presidente. Pela importância do cargo que ocupou, ele deveria ser ele o primeiro a zelar pelo respeito às nossas instituições".
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