Durante o interrogatório realizado na Justiça Federal de Curitiba, nesta quarta-feira (20), o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco confirmou ao juiz Sergio Moro que recebeu propina da estatal desde 1997. A informação foi confirmada pelo advogado de Barusco, Antônio Figueiredo Basto, ao deixar a audiência.
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Segundo Basto, Barusco recebeu um total de US$ 97 milhões do esquema até 2014 - valor que foi devolvido no acordo de colaboração premiada. “Confirmou integralmente a denúncia, recebimento de propina, recebimento de propina pelo Partido dos Trabalhadores e o envolvimento do Vaccari”, disse o advogado.
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Para Basto, o depoimento de Barusco confirma a participação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto no esquema, mas isenta o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “Disse que encontrou Dirceu em reuniões na casa do Pascowitch para tratar da Petrobras, mas nunca tratou de dinheiro”, disse.
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Leia a matéria completaDe acordo com Basto, os depoimentos dos operadores Milton e José Adolfo Pascowitch devem esclarecer a participação de Dirceu no esquema. Os dois também estão sendo ouvidos nesta quarta por Moro. “Meu cliente não tinha relação com ele [Dirceu], tinha relação com o Vaccari”, disse o advogado. “Que havia interesse do José Dirceu em saber das coisas da Petrobras, isso é inegável, mas ele [Barusco] não pode afirmar que o José Dirceu recebeu propina ou interferiu em alguma coisa”, completou.
A audiência desta quarta é a primeira para oitiva dos 15 réus no processo que resultou da deflagração da 17ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Pixuleco. São réus, por exemplo, José Dirceu, João Vaccari Neto, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, entre outros.
Clima
Essa é a primeira audiência da Lava Jato de 2016. Os prazos estavam suspensos porque o juiz feral Sergio Moro estava de férias. A primeira audiência pode ser marcada pela tensão entre advogados, procuradores e juiz do caso. Na semana passada, um grupo de advogados de réus da operação publicou uma nota de repúdio a operação nos jornais de circulação nacional.
As defesas reclamam do vazamento seletivo de informações, cerceamento de defesa, uso de prisões preventivas para obtenção de colaborações premiadas, entre outros pontos. A queixa é recorrente na Lava Jato e já gerou conflitos entre advogados e o juiz Sergio Moro em outras audiências do caso. Basto, que não assinou o manifesto, foi o primeiro advogado a deixar a audiência e disse que o clima estava tranquilo.
“Acho que os problemas que estão fora da audiência não se discutem, não são trazidos para dentro”, disse. “Não teve nenhuma interferência desse manifesto em relação ao que discutimos aqui hoje”, afirmou o defensor.
Basto disse que não foi procurado para assinar o manifesto e garantiu que, mesmo que tivesse sido procurado, não assinaria o documento. “Nós temos divergências pontuais com a condução [do processo]. Eu não assinaria porque eu acho que manifesto público não seria o melhor caminho. Impugnação para mim é dentro dos autos. Tem que recorrer, se você acha que o juiz está agindo mal, recorre, escreve, põe nos autos, impugna”, disse. “Eu sempre fiz isso quando insatisfeito, impugnei na hora, reclamei na hora, esperneei na hora e quando necessário recorri. Não adianta ficar discutindo o processo pela imprensa”, completou o advogado.
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