A base aliada do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM), anulou nesta quinta-feira (21) a CPI da Corrupção, 10 dias depois do início das investigações. Respaldado pela decisão do juiz Vinícius Santos, da 7ª Vara de Fazenda do Tribunal de Justiça do DF, o presidente da CPI, Alírio Neto (PPS), anunciou a nulidade da criação da comissão, assim como toda ação por ela praticada.
Isso porque o despacho do juiz determinou o "imediato afastamento" dos 10 deputados distritais envolvidos no "Mensalão do DEM" das investigações contra Arruda na Câmara Legislativa e o "reconhecimento da invalidade de todo ato deliberativo já praticado, no qual houve a interferência direta e cômputo do voto dos deputados ora afastados". A liminar também estabelece a imediata posse dos suplentes dos parlamentares envolvidos no escândalo.
Alírio Neto entende que, quando os suplentes assumirem as vagas, a Câmara Legislativa terá uma nova composição partidária e o rateio das vagas deverá ser refeito. O mesmo argumento deve ser colocado em prática na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado responsável pela análise dos três pedidos de impeachment contra o governador José Roberto Arruda. Anulada a formação da CPI e da CCJ, deverá haver nova eleição para presidente dos colegiados, indicação de novos relatores e abertura de mais 20 dias de prazo para apresentação de um relatório sobre os pedidos de impeachment.
Arruda é acusado em inquérito da Operação Caixa de Pandora de ser o chefe de um suposto esquema de arrecadação de propina entre empresas contratadas pelo governo e distribuição do dinheiro entre os parlamentares da base aliada. A oposição promete recorrer à Justiça para que o juiz Vinícius Santos esclareça os efeitos da sua decisão. O presidente interino da Câmara, Cabo Patrício (PT), disse que tentará resgatar a CPI usando da prerrogativa de presidente para indicar novos membros. "A CPI não está sepultada", avisou.
Paulo Tadeu, único parlamentar da oposição na CPI da Corrupção, avalia que a jogada da base governista faz parte de uma estratégia articulada com o governador Arruda para que o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa não seja realizado. "A manobra foi do juiz", rebateu Alírio Neto, presidente da CPI. Neto, segundo assessores da governadoria, passou a manhã de hoje reunido com Arruda.
Principal delator do esquema de corrupção envolvendo o governo Arruda, Durval Barbosa está sob guarda do programa de proteção a testemunhas, do Ministério da Justiça, mas seria ouvido pela CPI da Corrupção na próxima terça-feira, na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
Defesa de Braga Netto diz que provará que não houve obstrução das investigações
Parlamentares de direita e integrantes do governo repercutem prisão de Braga Netto
Da revolução à ruína: a fraqueza original que selou o destino do comunismo soviético