Jucá: “Esse é menos um debate sobre questões da política interna da Venezuela do que sobre os interesses estratégicos do Estado brasileiro.”| Foto: José Cruz/ABr

Brasília - Em meio ao embate entre governo e oposição sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) conseguiu ontem oficialmente o compromisso de que 11 parlamentares da base aliada vão votar hoje na Comissão de Relações Exteriores pela adesão do país vizinho no bloco econômico. Como a comissão tem 19 membros, a entrada do país de Hugo Chávez no Mercosul vai passar sem problemas – provavelmente sem condicionantes para que o país seja obrigado a respeitar a democracia. Depois da comissão, o ingresso da Venezuela tem de ser votado pelo plenário do Senado.

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Os 11 senadores governistas assinaram em conjunto o relatório paralelo de Jucá que será apresentado à comissão, pedindo o ingresso da Venezuela. Ao contrário dos governistas, a oposição defende a rejeição do projeto que inclui o país vizinho no Mercosul. Relator da matéria, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) prometeu rediscutir o seu parecer, que é contrário à Venezuela no bloco. Tasso afirmou que admitiria o ingresso do país vizinho se Hugo Chávez se comprometer a respeitar os princípios democráticos do bloco. O tucano trabalha para adiar a votação para discutir melhor a questão.

Os governistas, porém, prometem não acatar a sugestão de Tasso porque desejam votar a matéria hoje. No parecer, Jucá afirma que Tasso não pode vincular o ingresso da Venezuela no Mercosul ao contexto político do país. Segundo Jucá, o Senado deve tomar uma decisão técnica, e não política, sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul.

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"Esse é menos um debate sobre questões da política interna da Venezuela do que sobre os interesses estratégicos do Estado brasileiro no tabuleiro internacional. Quem solicita a adesão ao Mercosul não é o governo venezuelano, mas o Estado venezuelano. O governo da Venezuela é transitório; a Venezuela continuará, ao longo da história, a ser vizinha do Brasil’’, justificou Jucá.

O líder governista diz, no texto, que vetar a entrada da Ve­­­nezuela no Mercosul seria algo "preocupante’’, numa espécie de "ato de hostilidade do Estado brasileiro contra um país amigo’’. Jucá também argumenta que, ao contrário do que defende Tasso, a relação da Venezuela com o Mercosul foi considerada positiva pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (tucano como Tasso).