O adiamento da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o registro do PSD aumentou a pressão de prefeitos e vereadores em cima dos idealizadores do partido. Como estes políticos buscarão novos mandatos em 2012 são eles os maiores prejudicados se a nova legenda não conseguir o registro até o dia 7 de outubro deste ano. O tribunal deve retomar o debate sobre o tema na próxima terça-feira, mas a possibilidade de novos adiamentos tem gerado instabilidade na base do partido em formação que terá como presidente o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
O senador Sérgio Petecão, do Acre, definiu o trabalho desta quinta-feira (23) como de "apagar incêndio". Oposição ao governo do PT no Estado, ele conseguiu a adesão de três deputados estaduais e diversos vereadores, mas a insegurança sobre 2012 pode provocar baixas. "Estamos todos numa ansiedade grande. A situação está horrível. Estou apagando incêndio aqui e tentando acalmar todo mundo".
O deputado federal Júlio César, que está deixando o DEM para comandar o PSD no Piauí, confirma a apreensão dos prefeitos e vereadores. "Eles procuram a gente toda hora. Nós tentamos explicar a situação. Passei o dia recebendo prefeitos". Segundo o deputado, 18 prefeitos e 200 vereadores de seu estado estão a caminho do PSD, mas todos permanecem em seus partidos como um "plano B" para as eleições do ano que vem.
O líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP), tenta fazer um discurso otimista. Para ele, diante do voto da relatora Nancy Andrighi o quadro ficou mais positivo. "As notícias que tínhamos antes eram do parecer contrário do Ministério Público, agora temos o relatório da ministra a nosso favor". Segundo ele, além da situação de quem vai disputar a eleição municipal, a falta de uma definição tem impedido o partido de receber mais deputado federais. Campos afirma que o PSD está perto de 50 parlamentares na Câmara e poderá chegar a 60 logo após conseguir o registro, o que o colocaria como terceira força na Casa.
No partido que mais sofreu com o surgimento do PSD, o DEM, a aposta é que a nova legenda está fora das próximas eleições. "A pressa deles não é a da Justiça. Dar o registro para o partido sem a checagem das assinaturas seria uma atitude parcial", diz o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres. No DEM, já se discute o que fazer com quem tinha anunciado a mudança de partido e recuar. O presidente do partido, José Agripino (RN), avisa que, nesta hipótese, a análise será feita caso a caso. "Este é um problema dos que saíram, não nosso".