Abertura de capital da Sanepar traria alívio financeiro para o caixa do Executivo| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

R$ 12,75 é o valor da ação da Sanepar, segundo o governo do estado.

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O aumento e a abertura de capital da Sanepar, projeto realizado para sanar a dívida da empresa de economia mista com o governo do estado, será realizado a toque de caixa e pode ser aprovada amanhã na Assembleia Legislativa do Paraná. O deputado Ademar Traiano (PSDB), líder do governo, anunciou que o projeto, de autoria do Executivo, passará hoje pela Comissão de Constituição e Justiça e será votado amanhã em comissão geral no plenário. "Nós estamos tratando de uma empresa renomada que está no mercado de ações e precisa de agilidade nesse processo porque, uma vez sanada suas pendências, poderá buscar R$ 3 bilhões em investimentos no país", justificou.

O governador Beto Richa (PSDB) reuniu a base governista em um almoço ontem para acertar a celeridade do processo. Pelo novo pacto assinado, a Sanepar aumentaria seu capital com a emissão de ações preferenciais (sem direito a voto), que somariam R$ 781,1 milhões. Essas ações servirão para pagar parte dívida da empresa, que chega a pouco mais de R$ 1 bilhão, com o governo. O restante, R$ 283 milhões, seria pago em dinheiro.

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A polêmica está no valor das ações. Avaliada por três bancos, o BTG Pactual, o Credit Suisse e o Bradesco, a Sanepar teria ações no valor de R$ 12,75. O valor é considerado demasiadamente alto para a oposição, que, a julgar pelo valor de mercado da última semana, de R$ 6,90, acusa o governo de assumir um rombo de R$ 358 milhões. "Eu acho que a pressa do governo é resultante do desespero para conseguir dinheiro em caixa rapidamente. Quem quer que fique com essas ações, seja o governo ou uma terceira empresa, para quem ele pode transferi-las, vai ficar com um mico de R$ 358 milhões", diz o vice-líder da oposição, Tadeu Veneri (PT). Ele afirma que a avaliação dos bancos não foi feita em valor de mercado negociado, mas teve como base o fluxo de caixa descontado.

Traiano, por outro lado, diz que a estimativa da oposição é baseada no "chutômetro", e que a avaliação dos bancos obedeceu a critérios estabelecidos. Ele ainda recusa a hipótese de reavaliar as ações da Sanepar ante a denúncia. "A oposição teve muito tempo para fazer isso [reavaliar os valores das ações] no governo anterior, e não enxergou os problemas que fragilizaram a Sanepar naquele momento. A ação da Sanepar valia R$ 2,30 quando assumimos o governo e chegou a R$ 7, fruto da valorização do governo", explica, e completa: "Faremos a comissão geral na quarta-feira por entendermos que isso é de interesse público. Quando a pendência for resolvida, haverá uma corrida pelas ações da Sanepar, que devem subir consideravelmente".

Veneri acredita que as ações da empresa não vão subir. "Não porque não seja uma empresa rentável, mas não há como o mercado responder a um aumento de 85% nas ações." Para ele, a preocupação maior é um possível repasse das ações como parte do pagamento da dívida que o governo tem hoje com a Copel, que no final de março chegava a R$1,4 bilhão. "Assumir inicialmente esse prejuízo de R$ 358 milhões e depois transferir para outra empresa seria uma vergonha. Eu espero que o governo não faça isso", diz.