Arrolado como testemunha de defesa do deputado José Dirceu (PT-SP), o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, respondeu em questionário de 42 perguntas ao Conselho de Ética da Câmara que nunca recebeu do governo qualquer pedido para abafar a abertura de CPIs e que sempre determinou à Polícia Federal que colaborasse da melhor forma possível com as investigações. Segundo ele, as funções de Dirceu à frente da Casa Civil foram exercidas de acordo com o que determina a lei.
"Não cabe ao Executivo trabalhar para abafar quaisquer denúncias. O que a imprensa tem chamado de gabinete de crise é uma reunião de ministros que visam a assessorar o presidente da República. O nome da reunião é de ser creditado à imprensa nacional, que raras vezes em nossa história teve tanta liberdade para investigar", diz o ministro.
Indagado se estava convicto de que Dirceu não tinha conhecimento dos empréstimos feitos pelo empresário Marcos Valério para o PT, Thomaz Bastos respondeu que nunca ouviu o ex-ministro sequer mencionar o nome de Valério. Sobre a relação entre Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ministro disse que presenciou "a relação pessoal e institucional" entre os dois.
"Era uma vinculação natural entre uma pessoa que foi presidente de um partido por muitos anos e outra que foi tesoureiro do mesmo partido", diz Bastos.
O ministro diz ainda que, apesar de não ser filiado ao PT, tem uma relação próxima com o partido e o presidente Lula de muitos anos e que aprendeu muito com o PT. Segundo ele, é inegável a contribuição do partido para a construção da idéia de que é possível fazer do Brasil um país pautado pela ética pública. O ministro disse que não tem conhecimento do financiamento da campanha de Lula.
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